sábado, 30 de abril de 2011

Na música Gospel as aparências não enganam


Por Antognoni Misael

Era uma noite bastante chuvosa quando eu minha esposa pegamos o carro e fomos até uma cidade que fica a 40 km de João Pessoa-PB. Nosso objetivo era visitar uma igreja que recebia o “Grupo Logos” como convidado especial naquele culto noturno. Já eram 20h00min quando cheguei naquela cidade, e perdido, sem saber onde se localizava o templo, entrava em ruas estreitas cheias de poças de lama, mal iluminadas, sem alcançar sucesso algum nessa procura. Já desacreditado, comecei a questionar: “(...) será que o Grupo Logos realmente viria pra essa cidade? Além do mais em um local esquisito, escuro, e sob chuva? Em uma pequena igreja e com a entrada franca”? Quando já pensava em fazer a volta e retornar pra casa, escutei uma canção que soava baixinho e dizia: “Quando Ele me chamou não fez promessas humanamente convincentes. Nada que me enchesse os olhos. Apenas disse que me faria um pescador”. No mesmo instante acelerei o carro e rapidinho encontrei àquela igreja. Era pequena, cheia de pessoas simples e humildes. Minha impressão foi a melhor possível. Vi tanta verdade naquele culto, tanto no semblante das pessoas da igreja quanto na postura humilde e serena do Grupo Logos - fiquei bastante admirado, pois, como ex-frequentador de shows gospel jamais tinha visto tanta falta de burocracia e marketing pra se cultuar juntos. Após o término, pude conversar com o Paulo Cear, Nilma e todos os músicos da banda, e perceber que as aparências não enganam. Ali estava um grupo com 30 anos de ministério que diariamente viaja pelo Brasil inteiro em um ônibus simples, levando a mensagem de Cristo através da música, se misturando com as pessoas comuns, compartilhando do amor de Jesus em todo tipo de lugar, cidade, Estado.


Gente, nesse dia fui ensinado profundamente. Percebi que assim como Cristo fazia: não fazendo acepção de pessoas, atendendo prontamente a quem se dirigia a Ele, sendo servo de todos, amando a todos, abraçando as pessoas com gestos de afeto, com calor humano, com simplicidade e atenção, assim aquele grupo o fazia também. Quão preciosos são os pés dos que anunciam as boas novas! Mas a grande lição que tirei diante do que vi naquela noite, é que pra ser um cantor, grupo ou ministério que serve a Deus, não precisa abraçar a vaidade, luxúria, estrelismo, exclusivismo. Infelizmente gente, é isso que tenho visto no mundo da música gospel. Logo eu penso que:


1) Pra servir a Deus através da música não preciso ser regido por uma lógica de mercado semelhante ao meio secular. Pois o “astro gospel” se posta como astro sagrado cheio de exigências: toalhas caríssimas, bons camarins, transportes sofisticados, hospedagens em hotéis de luxo, privacidade, entrevista com hora pré-marcada.


2) Pra servir a Deus através da música não preciso cultivar minha própria fama. Já o “astro gospel” para justificar sua notoriedade, contrata uma forte equipe de segurança que o protege de frenéticos fãs que se auto declaram adoradores – de quem?


3) Pra servir a Deus através da música, não preciso me basear em quantidade de espectadores. Já o “astro gospel” evita se apresentar em locais pequenos, igrejas, praças, escolas - quanto menor for o público, menor a notoriedade, e para se esquivar desse incômodo é fácil, basta cobrar um alto cachê.


4) Pra servir a Deus através da música não preciso vislumbrar minha própria prosperidade e ser um artista preso a regras de mercado. Para o “astro gospel”, tocar de graça nem pensar! Há não ser uma homenagem no Raul Gil, Faustão, aí sim, cai bem para o marketing. Pra cada show o valor é sempre altíssimo, visa cobrir as cláusulas contratuais e engordar a poupança.


5) Pra servir a Deus através da música não preciso ser quem eu não sou. O “astro gospel” costuma se vestir de uma capa de marketagem que vai de tratamentos de pele a novos hábitos no falar e no vestir, e tudo isso porque agora ele não mais se pertence, ele é um produto de investimento. Muitos, como simples fantoches, gravam canções compradas, professam testemunhos duvidosos e sem autonomia alguma, viajam pelo país fazendo shows que são, na verdade, vendas fechadas pela produção cujo resultado é bem mais comprometido com o lucro do investimento do que com as almas alcançadas.

Pois bem. Quando você se encontrar com um desses “astros gospel” e notar que existe nele boa parte do que mencionei aqui, não duvide! As aparências não enganam! Ele é isso mesmo que você vê! Chega de tanta mentira no meio dessa música gospel!

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