segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A propósito da reportagem da Veja-SP sobre a formação de pastores evangélicos



Veja a reportagem aqui!


A formação de pastores é crucial para a saúde da igreja cristã. Maus pastores põem a perder igrejas inteiras e marcam negativamente a vida de centenas e milhares de pessoas, a depender do alcance de seus ministérios.


Desde os seus primórdios, o Cristianismo se preocupou com a preparação e capacitação de seus líderes. O próprio Senhor Jesus, como judeu que era, aos doze anos passou pela iniciação judaica e aprendeu com seus pais e os mestres rabinos a lei de Deus, e nisto os excedeu, conforme lemos no episódio em que ele ficou no templo discutindo com os mestres da lei.


Os apóstolos que ele chamou foram submetidos a três anos de rigoroso treinamento. Ouviram a exposição da mensagem do Antigo Testamento feita pelo Senhor, fizeram perguntas e tiveram respostas, discutiram entre si as coisas de Deus, fizeram vários estágios ao serem mandados pregar e exercitar o poder do Reino nas cidades e conviveram com o mestre, aprendendo de suas atitudes. E mesmo assim, depois de três anos de seminário com Jesus, ainda não estavam totalmente prontos, como os Evangelhos nos dizem!


Mais adiante, surge Paulo, cujo treinamento anterior à conversão consistiu do aprendizado durante anos aos pés de um dos melhores rabinos da época, Gamaliel, afora seu treinamento em sua cidade natal, Tarso, que era rival de Atenas em intelectualidade e cultura.


Ao colocar os requerimentos para o pastorado, Paulo exige que o que aspira ao episcopado (outro nome para presbiterato=pastorado) deve entre outras coisas ser "apto para ensinar" (1Tim 3:2), "apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem" (Tit 1:9). Ou seja, de acordo com a Bíblia os pastores têm que ser teologicamente capazes, apologeticamente argutos e hábeis no ensino. Quer dizer, eles têm que ser mestres da Palavra. Não é à toa que ao elencar os dons básicos para a edificação da Igreja que Paulo coloca "pastores e mestres" como se fossem uma mesma coisa (Ef 4:10).


Agora me expliquem como é que se formam líderes assim nos dias de hoje? O instrumento de trabalho deles será a Bíblia, que foi escrita a mais de 2 mil anos em grego, hebraico e aramaico numa cultura diferente da nossa. Um livro que tem sofrido nas mãos dos intérpretes durante milênios. Um livro que é reivindicado como a base de toda sorte de heresias e ensinamentos estranhos que aparecem por ai. Como alguém pode querer hoje cumprir os requerimentos de Paulo para a liderança sem treinamento, estudo, discipulado, confronto, comparações, leituras, coisas que demandam tempo, bastante tempo, para não falar de maturidade, humildade, santidade, oração e submissão a Deus?


É ingenuidade pensar que basta ler a Bíblia e pronto - se for homem de oração, piedoso e espiritual, está pronto para liderar o povo de Deus. É desconhecer a história bíblica e da Igreja achar que o treinamento teológico intenso é bobagem. É por isto que está esta confusão toda aí, denunciada pelas revistas seculares inclusive.


Não estou dizendo que somente seminários com cursos completos de teologia é que preparam bons pastores. É evidente que não. O que estou dizendo, todavia, é que não se pode hoje dispensar o treinamento teológico intenso na boa teologia e na sã doutrina. As igrejas têm seus próprios mecanismos e meios para isto. Não me importo quais sejam, desde que cumpram o que Paulo disse.


***
Augustus Nicodemus, via perfil no Facebook. Compartilhado do Púlpito Cristão.

2 comentários:

  1. Olá, amigos cristãos.
    Concordo com a materia, sou seminarista e conclui o terceiro ano de estudos ministeriais ano passado, começo o quarto agora em fevereiro, e já tenho a oportunidade de auxiliar um pastor em exercer seu ministerio. E de fato o peço ministerial é imenso.
    Não somente por ter que ser o exemplo para outras vidas, mas também, por sustentar uma vida de comunhão com o pai, não deixando de lado a vida secular. Mas unica e exclusivamente, pela responsabilidade que nós é cobrada, Sei de tudo isso, e a cada momento estou me vigiando, para não ceder a força da "natureza gospeç" remando contra a correnteza, de teologias sem fundamento, e movimentos espirituais, me empenho em levar meus ouvintes e irmãos em Cristo, aos pés da Cruz...
    Forte abraço.

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  2. Não concordo com a formação expressa de pastores, nem com a graduação de pessoas muito jovens (e normalmente solteiros), para o pastorado.
    Que experiência conjugal, ou de vida, um jovem pode ter para conduzir uma igreja, se não há nenhum "alicerce".
    Acho maravilhoso a motivação dos jovens em servir a Deus, de serem ministros, mas o título de Pastor, é algo realmente pesado.
    Há muito mais, que subir num púlpito e falar de Deus.
    Bons eram os tempos em que as Assembléias de Deus, costumavam graduar os seus cooperadores: auxiliar, diácono, presbítero, evangelista e finalmente Pastor.
    Hj, entrou na igreja, 3 meses, faz curso expresso: BEM VINDO ao Pastorado.
    Por mais que o rebanho esteja crescendo, (culpa da facilidade para se "abrir" uma igreja), não acho que boa parte desses pastores (jovens ou não) tenham condição de conduzir tal rebanho.
    Acho sim que os jovens devem se empenhar em sua formação como líder! É importante, diria vital, mas, volto a afirmar, o título de Pastor, é algo pesado, deve ser dado a alguém que realmente tenha maturidade para tal.
    Ex.: Se eu tiver algum problema em meu casamento, e queira ajuda do Pastor! Se ele(a) for um jovem solteiro, o máximo que ele vai poder fazer, é orar comigo! Se ele(a) for uma pessoa de mais idade, casada, vai poder me aconselhar!
    Isso pesa.

    Outra coisa, assim como banalizaram a abertura de igrejas, afinal até eu, posso abrir uma, pagando os impostos, e tendo lábia suficiente para convencer alguns de me seguirem, banalizou-se tb a formação de líder.
    Olhe no youtube, lá tem cursos dos mais variados para liderança, é só assistir, e depois correr pro abraço!

    Qto à matéria da Veja, em mtos pontos, o tal repórter foi sarcástico, em relação aos fiéis, pelas suas posturas, ou pelas pregações e palestras.
    Não conhecia esse curso express, mas o que deu a entender, é que ali é uma pré seleção, um mostruário de como deve ser a vida, ninguém sai dali sendo pastor, apenas conhece um pouco sobre a vida de um.
    Eu não sabia tb que o Silas oferecia tantos benefícios aos seus pastores, acho certo investir, são pessoas q se dependerem dos dízimos e ofertas das igrejas menores, por certo terão que optar entre pagar a luz da igreja, ou comprar leite para os filhos.
    Bom, se eu for escrever td que eu penso, certamente, teria que escrever outra matéria, ou entrar para o rol de colunistas do site, mas resumindo: Ser Pastor deixou de ser um dom para ganhar almas, para ser uma forma de ganhar dinheiro...tão somente.

    Bom texto, gosto desse site!

    Que Deus os abençoe!

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