Por Antognoni Misael
Foi numa canção do paraibano Chico César que andei meditando esta semana. Dá pra crer? "Pós-herege", "mundano", "liberal", correm o risco de serem meus mais novos adjetivos taxados pelos irmãos dicotõmicos. Mas não me abalo e continuo na tese de que dizer algumas verdades não são prioridade somente de cristãos.
Agora, exclusivamente na canção “Deus me proteja” pude me reencontrar com um dilema tão antigo e comum na vida de qualquer ser nascido de novo.
“Deus me proteja” é um xote aparentemente despretensioso, 'arrumadinho', com harmonia simples e curvas melódicas sofisticadas. É sem dúvida uma bela canção que me puxou e ecoou repetidamente na memória com sua pseudo-redundância e trocadilhos paradoxais de profunda poesia: “Deus me proteja de mim e da maldade de gente boa, da bondade da pessoa ruim. Deus me governe e guarde, ilumine e zele assim”.
Frisei alguns recortes interessantes que mesmo vindo de um poeta popular, e que claro, não cogitou fazer concordância teológica, acabou corroborando para uma extra reflexão que brevemente quero compartilhar.
“Me proteja de mim” me fez lembrar da minha condição de pecado, dos meus impulsos, das palavras impensadas (1 Pe 3.10), das decisões equivocadas. “Me proteja de mim”, me fez rememorar o velho homem domado (e indomado por vezes), mas que em épocas turbes ressurge gigante perante as cenas do cotidiano e da memória. “Me proteja de mim” também me avisou que a cada dia preciso mortificar minha carne (Cl 3.5) e que quando desprotegido, o bem que quero não faço, e sim o mal que não quero (Rm 7.19).
Quanto a “Maldade de gente boa”, noto que é a prova de que não estamos inteiramente livres do mal. Se nos achamos bons o suficiente - equívoco na certa - para vivermos em harmonia com o próximo, não esqueçamos de que os perversos ataques repentinamente surgem de quem tanto gostamos (ou, quiçá, de nós mesmos). Nesta feita é bom recalcarmo-nos dessa pura verdade. Quem nunca se feriu de alguma forma por atos e omissões de quem tanto considerou amigo, ou do contrário, feriu? Nessas horas não tem outra: momento de exercer a graça e o perdão.
“Bondade da pessoa ruim” assimilo como o afago perigoso. Quando essa “bondade” parte de quem já mostrou e provou suas gulas de ambição, inveja, e maniqueísmo, ou seja, daquele que descaradamente ama fazer do mal seu meio de sucesso, certamente será o afago augustiniano angelical seguido de morte, ou talvez uma espécie de cavalo de tróia. A essas alturas não sei qual a mais ferina dor que hei de sentir, se pela “Maldade de gente boa” ou pela “Bondade da pessoa ruim”. Só peço, assim como poeta, que Deus me governe, guarde, ilumine, zele, assim...
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Arte de Chocar.
Tirando o "velho homem domado" visto que não foi domado, mas destruído (Rom 6:6), concordo plenamente. O meio Gospel é carente de letras com conteúdo. Logo, as pedras falam...
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