segunda-feira, 4 de julho de 2011

O agir de Deus na vida secular

Por Antognoni Misael
É fácil notar que parte dos cristãos de nossa época prioriza as atividades de cunho espiritual e negligencia as obras do Espírito nas áreas ditas como “não-religiosas”. Queridos, é bom ressaltar que a ação do Espírito Santo vai além do campo espiritual abrangendo não só a vida dos cristãos, mas dos “não-cristãos” e até daqueles que se dizem inimigos de Deus. Esta ação diferenciada é chamada de Graça Comum. Determinantemente ela não serve para a salvação do homem, mas para o bom desenvolvimento da sociedade, equilíbrio da criação, servindo também como refreamento da proliferação do mal na humanidade (Gn 31.7; 2Rs 19.27-28; Rm 13.1-4). Gente, a vida neste mundo ainda é tolerável porque o Espírito Santo não permite que os homens atinjam o ápice da pecaminosidade possível. Pense nisso!

Ao ler este post de repente alguém pode se perguntar: "ainda existe algo de bom neste mundo”? Respondo: "Claro que sim"! Imagino que certamente se replicará que “o mundo jaz no maligno” (1Jo 5.19). Certo! Mas não esqueçamos que o mundo (criação) pertence a Deus (Sl 50.12), foi feito por Ele, para Ele, e nada foge do Seu controle. Saibamos que a Graça Comum do Espírito faz com que mesmo vivendo num mundo corrupto e alienado de Deus, pessoas comuns promovam boas práticas sociais, civis e naturais. Tais práticas geram benefícios para todos, inclusive para os cristãos: desde as invenções das ciências, descobertas na medicina e o desenvolvimento das artes em geral. A Bíblia relata várias passagens onde pessoas não regeneradas foram agraciadas por Deus nesse sentido (2Rs 10.29-30; Rm 2.14-15), como da mesma forma, em outro momento, o próprio Cristo mencionou que até os pecadores faziam o bem (Lc 6.33-24).

O fato de sabermos que o salário do pecado seja realmente a morte não anula o agir de Deus em derramar bênçãos naturais perante todos os seres humanos. Lembremos-nos que Ele é bom para com todos e satisfaz de benevolência a todo vivente (Sl 145.9, 15-16), faz vir a chuva sobre justos e injustos abençoado tanto a grama do salvo quanto a plantação do ímpio (Mt 5.45), é benigno até para com os ingratos e maus (Lc 6.35,36).

Em Tiago 1.17 vemos também que a Graça Comum é fonte das artes e da ciência reconhecendo “que toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das Luzes, em que não pode existir variação ou sombra de mudança”. Seria muito egoísmo de nossa parte achar que a Graça Comum é prioridade apenas dos cristãos.

Gente, não duvidem: o Espírito Santo é a única fonte de beleza e verdade, estando estas características dentro da igreja ou não, sendo vestidas de religiosidade ou não. Esta Graça Comum capacita todas as pessoas em medidas variadas, com aptidões intelectuais, talentos artísticos e dotes culturais em geral. Acredite! Não foi a toa que Deus depositou no homem a capacidade de criar fazendo com que este reflita a operação criativa do próprio Deus nas áreas afins da vida no mundo.

A Bíblia também ensina que a verdade sempre procede de Deus aonde quer que ela seja encontrada. Uma verdade não deixa de sê-la pelo fato de ser dita ou mencionada por um não-cristão. Os poetas gregos citados por Paulo não eram convertidos, porém as verdades contidas em seus poemas foram aproveitados pelo próprio apóstolo (Atos 17.28).

Amados, a Graça Comum é um fator relevantíssimo para a vida dos cristãos. Olhar a vida através desta lente divina com certeza tornará a vida secular mais agradável, apreciativa e fincada na glória de Deus (1Co 10.31). Uma música que chamamos de “secular” pode ser muito boa quando expressar sabedoria, crescimento social, político, educativo; um filme “não-evangélico” pode aguçar a boa imaginação e trazer belas lições de vida, assim como um livro secular pode trazer inúmeros ensinamentos sobre saúde, esportes, computação, direito, culinária, etc. Filipenses 4.8 é um texto bem sugestivo para que nos relacionemos com as áreas seculares de forma sadia.

Pra finalizar não esqueçamos de dois detalhes:

1) até mesmo aqueles que não são cristãos foram feitos a imagem e semelhança de Deus (Tg 3.9) cabendo-lhes também criatividades, virtudes, sabedoria, e dons.
2) não é o mundo como criação que devemos repudiar, mas o mundo caído e corrompido pelo pecado. O problema não é o mundo em si, mas o estrago que o pecado fez nele.

No mais, que Deus a cada dia nos faça reconhecer que a única diferença existente entre um cristão e um “não-cristão” é simplesmente Graça, pura Graça.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo o post;muitas igrejas deveria ensinar o que é Graça Comum para os irmãs , pois eu acho que assim evitaria o fanatismo de muitos .

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