sexta-feira, 4 de abril de 2014

Fragmentados e "burrificados" - eis a nova geração dos ateus do facebook


Se o ateísmo voltasse às suas origens... Sabe aquela de apenas NÃO ACREDITAR, muito embora isso não eximisse ateus de pensar e conjecturar, como outrora fora,... minha admiração, em parte, estaria garantida. Isto por que antigamente os ateus eram conhecidos pelo ativismo intelectualizado, hoje, talvez, pela “burrificação” e modismo.

Escrevo isso pois, digamos, que também sou um tipo de “ateu” - a diferença é que os verdadeiros “descrentes” são ateus de um deus a mais do que eu.

Considerando que estamos na era da pós-modernidade é nítido que o ateísmo tem se fragmentado e revelado uma série de subgrupos: os dos discretos, do “armário”, dos nominais, militantes, ‘paz e amor’, moralistas, não-moralistas, abortistas, anti abortistas, gays, héteros, feministas, e por aí tem um uma gama de variedades), dentre tantos, alguns têm se tornado uma espécie de "contra-reformadores" em resposta a religião – aqueles de militância "sangue nos olhos" com sabor esnobe e um tempero de intolerância. Com as sua "fogueiras santas" abastecidas por deboche, prepotência, ódio, assim como, ancorados na “santíssima trindade” ateia (matéria, tempo e acaso) e em uma busca frenética por informações que legitimem as suas verdades, estes, por assim dizer, domesticam a ciência em seu favor na busca de amenizar um significado existencial - inexistente - em cada um (nem que para isso seja necessário passar toda a vida zombando do Deus, que eles dizem não existir, mas que insistem em se relacionar, nem que seja pra xingá-lo todas as manhãs). A fórmula é a seguinte: Cult quando se fala de ciência, e histeria quando se toca no assunto ‘religião’.

A grande maioria destes “mudernus” ateus atacam o granel da religião, generalizam sua críticas e não tem meticulosidade em separar o joio do trigo. Ao denotarem que crer em um Criador é um sinal que agride o intelecto, esquecem dos pais da ciência moderna e vão de encontro à lógica da existência, afinal, o mundo inteiro sabe que: nunca se provou que o universo é auto-existente.

O interessante é que estes ateus não conseguem observar a própria ignorância, uma vez que: não conhecem seus principais teóricos - pois pouco ou quase ninguém os citam (em caso de dúvidas, é de praxe perguntar aos próprios membros do clã, geralmente líderes de grupos em redes sociais (facebook) que promovem debates e veiculam material anti-religioso nos tablóides virtuais, estes, quase sempre com envolvimentos passionais nesta briga - basta investigar a história de cada um, pois sempre há um ressentimento pessoal por trás de tanta ira. Aos ateus incautos recheados por dúvidas, não custaria nada ler um livro e alcançar a informação desejada, mas, “geração facebook” nós sabemos como é né?, nem ateu escapa.

Em outros casos, encontramos algum notado retardado que fez faculdade de Física ou Biologia, muitos destes tipo são carentes, querendo atenção para si ou se portando como se tivessem encontrado a “Caixa de Pandora”. Estes fazem de sua vida uma obsessiva e eterna pesquisa em busca a resposta final para o sentido de suas existências, muito embora afirmem não haver sentido estar aqui (estes precipitadamente dão afirmações sobre a vida e a evolução sem titubeios – nesse caso, o que me surpreende é notar que gente como Darwin, Stephen Dawkins, Richard Dawkins e tantos “Dawkins” não eliminaram as dúvidas de suas indagações, do contrário, agiram com tolerância diante dos contrapontos e teses, e admitiram não terem determinadas respostas para perguntas mais prolixas). Sinceramente, estes grandes teóricos precisam conhecer a nova turma dos ateus “mudernus”.

Também há aqueles que frustrados com a antiga religião, só mudam de “deus” (o nada), mas que infelizmente mantêm o modus operandis de fazer religião: eles ‘pregam’, sofrem por amor ao “deus-nada”, espalham materiais buscando mais atacar os religiosos do que propriamente libertá-los da suposta “ignorância”; eles marcam reuniões, vão para congressos, confeccionam camisas, se reinventam como “ateus com algum tipo de causa” – bem parecida com a causa da religião -, isto é, apenas NÃO CRER, não basta, tem que fazer movimento, congregar (nem que seja virtualmente) se organizar, e combater o bom combate em favor do ‘deus-nada’. Alguns destes envolvem-se como ativistas, buscam o bem e a solidariedade na idéia subversiva de que se Deus existisse, Ele teria resolvido o problema do sofrimento, pobreza, etc. e tal (como se fosse Deus que tivesse roubado o pão do pobre, oprimido o indefeso, explorado o semelhante e destruído a natureza).

Há ainda os que defendem os postulados evolucionistas. Neste caso, caia o mundo, mas não caia o evolucionismo, afinal, a “bíblia” destes são os escritos de Darwin e suas variantes (releituras escritas por cientistas evolucionistas). Crer no darwinismo seria uma questão racional (não de algum tipo de fé), mesmo sabendo das inúmeras lacunas em aberto que esta teoria não concluíra, como por exemplo, a inexistência da seqüência paleontológica que apresenta a sequencia evolutiva dos seres – por isso eu às vezes brinco e muitos dos ateus odeiam quando falo: “se fosse comprovado não seria mais TEORIA, quiçá, uma LEI". Faria mais jus a tanta certeza, não é? Ou voltando mais a questionamentos sobre a gênesis de tudo, se perguntássemos a um ateu: - como a informação genética inicial teria tido sua origem em processos puramente naturais sem o auxilio de uma fonte inteligente?, certamente ele viria com mais outras teorias, das mais absurdas possíveis. Eles não se enxergam! Têm mais fé do que qualquer religioso. Além do mais, pra minha surpresa, encontrei alguns que fazem “confissão positiva” (prática herética dos neopentecostais que consiste em achar que declarando com veemência e repetidas vezes alguma coisa em nome de Deus, produz resultados reais) ao dizerem repetidas vezes nos diálogos e postagens algo como: “deus não existe”, “deus não existe”, ou aos que contrariam suas idéias, uma resposta curta como “Você é um idiota”, “você é religioso, por isso é burro”. Isso não tem nada a ver com conjectura, e sim com ignorância.

Há quem diga que a moral e a culpa são invenções judaico-cristã. Será mesmo? Falei acima sobre os grupos dos ateus gays, lésbicas e simpatizantes. Para estes, moral é algo relativo ou não existe. Neste viés, afirmar a inexistência de Deus e viver sob total liberdade moral é tão arriscado quanto estar fincado nos postulados do darwinismo que contraria a relação entre duas espécies do mesmo sexo, uma vez que para Darwin, a perpetuação da espécie é prioridade no processo de evolução. Mas ainda há, acredite, aquele ateu que é gay, e não acredita nem no divino, nem em Darwin.

Todavia, se para os ateus gays a sexualidade é construída socialmente e não adquirida previamente pelo processo biológico natural, e sendo assim, a moral também pode inexistir ou ser construída culturalmente, para os ateus héteros, sobretudo constituintes de famílias, digamos que, no padrão histórico (o casal e sua prole), a moral serial algo intrínseco do ser humano e não algo vinculado a religião, necessariamente. Daí, não seria difícil encontrar e identificá-los em separados por questões de interesse moral, por assim dizer. Sim, de interesse mesmo! Isto porque a grande maioria dos ateus gays são militantes e querem mais espaço para legitimar suas concepções e galgarem mais espaços na sociedade.

Uma das frases bem conhecidas do Filósofo Foucault foi a seguinte: “Não me pergunte quem sou, e não me diga pra que eu continue o mesmo”. Sinceramente, diante de muita arrogância, prepotência, pseudo-intelectualismo de muitos ‘ateus modernos’(não todos, porque ainda existem os que sabem agregar valor ao conhecimento) o que me resta a fazer é deixar que continuem os mesmos: fragmentados, prepotentes e "burrificados".

Por fim, concluo pensando o seguinte: ser “ateu moderninho” é estar liquidificado em subgrupos. Assim como as religiões vêm sofrendo com a banalização de suas vertentes e a fragmentação de suas denominações, o ateísmo parece não se enxergar, ele está em caminho muito semelhante.

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Antognoni Misael

Um comentário:

  1. Tenho falado sempre disso! Há uma religiosidade inerente e profunda no neoateísmo. Percebe-se, como outrora afirmou Pondé na Folha de São Paulo, esses "ateus moderninhos" são, em geral, pessoas frustradas — tiveram uma educação religiosa opressora, pais ausentes, lares desestruturados, viveram grandes tragédias pessoais etc. —, o que coopera para explicar seu ódio crescente pela fé. E é exatamente aí que reside o elemento religioso de tal grupo! Sem perceber não se contentam em não crer, mas vivem de negar! Em essência, o ateísmo deveria conduzir a indiferença, haja vista a inexistência de Deus, mas tem se tornado um esforço exagerado em negar, em se incomodar, denotando muito mais as suas frustrações e a necessidade de expor o ódio e revolta que sentem dentro de si. Como afirma Jameson, um teórico neomarxista, uma das principais características da pós-modernidade é a paráfrase, ou seja, a sensação de se estar diante de uma novidade. É descobrir a roda como se ela não existisse. O neoateísmo é uma paródia do verdadeiro, se distanciando e diferenciando deste exatamente pela fragmentação das frustrações pessoais, causando sua "burrificarão" e, para além disso, o cansativo discurso de menino birrento e mimado que não levou umas boas palmadas quando deveria! Essa adolescência tardia ou essa infância prolongada é demasiadamente enfadonha! Não acham?

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