quinta-feira, 9 de junho de 2016

O super-homem de Anderson Freire e o Liberalismo Teológico

Por Marco Telles

Não é novidade que a música gospel atual partiu para terrenos escuros e apodrecidos. Os princípios e valores expressos claramente em seus versos é de despertar “ânsia análoga a ânsia que se escapa da boca de um cardíaco”[1]. Qualquer cristão genuinamente convertido e conectado às doutrinas ortodoxas da fé cristã, tem vivenciado uma terrível agonia em sua alma durante os períodos de louvor na maioria das igrejas modernas.

Sofro de refluxo e gastrite há alguns anos, por vezes não consigo dormir tamanha dor que sinto apertar no peito quase sufocado. Ainda sim, preferiria uma crise de refluxo a ter os meus ouvidos submetidos ao engodo despejado pela boca dos milionários gospels em um de seus shows (aliás, “cultos”, como dizem).

Recentemente fui submetido a ouvir uma das canções do maior compositor gospel do Brasil, o famoso Anderson Freire. Ninguém compõe tantos hits como ele. A maior parte dos “refrões chicletes” do meio gospel saiu de sua mente atrofiada pela ignorância da cultura pop. Não é um homem, é uma máquina de fazer dinheiro. Ele descobriu a fórmula da música que faz o povo cantar aos berros. Uma mistura de sertanejo com a velha batida simétrica do pentecostalismo de Cassiane. A cereja desta fórmula é um molho de pop-rock. O conteúdo principal, a auto-afirmação. Não mais a auto-ajuda. Auto-ajuda é coisa do passado. Quem precisa de ajuda? Eu não! Eu sou demais, deixe-me cantar um pouco sobre mim pra você perceber o super-homem que sou:

 Oh, Deus de Israel
Eu sei que não vim a este mundo
Pra adorar outro Rei
Os leões estão rugindo sem parar
Meu louvor incomodou
A todos que são contra Ti, oh, Jeová
Nada pode intercalar o louvor do meu coração
Dos manjares eu abro mão, os palácios não quero, não!
Eis-me aqui como Daniel, com os olhos focados no céu
Com o risco de morrer, pois o que importa é Lhe obedecer
Senhor, não vou dividir minha adoração
Exclusivo é o meu coração
Vivo só pra Ti, não abro mão do céu
Até diante da morte prefiro ser fiel
Eu não temo espanto noturno
Nem seta que voe de dia
Nem peste que ande na escuridão
Nem mortandade que assole ao meio-dia
Não importa quantos caiam do meu lado
Direita, esquerda, eu sou protegido
Se eu for fiel, eu moverei o céu
Ele envia anjos para me guardar [2]

Percebem quem é o ser ativo desta canção? “Eu posso, eu consigo, eu faço, eu quero, eu não quero”. Deus está presente no discurso, mas, passivamente. O indivíduo está diante de Deus louvando a si mesmo e a sua capacidade de resistir fielmente até diante da morte. O atrevimento é tamanho que o indivíduo chega a não apenas tomar as rédeas de sua própria vida, mas toma as rédeas do céu! Chega ao ponto de definir as decisões celestiais: “Se eu for fiel, eu moverei o céu”.

Deus está apenas olhando. Este homem é tão fiel, resistente e sábio em suas próprias escolhas, que Deus não precisa agir ativamente. O que Deus faz por este homem não é mais do que obrigação. Deus age de forma reativa à fidelidade deste super-homem. O protege, envia anjos e o guarda. Mas por quê? Porque este homem é fiel, resiste e não divide seu coração que (pasmem) é exclusivamente só de Deus!!! Ele conseguiu cumprir cabalmente a lei e os mandamentos.

Jhonathan Edwards, pobrezinho, com suas firmes resoluções [3] diante das quais suava a camisa, movido de um santo desejo por passar, um dia que fosse, em plena piedade, com o pensamento conectado exclusivamente no que fosse celestial, sentiria santa inveja da conquista do super-homem de Anderson Freire.

Mas esta é na verdade a tendência pós-moderna da hinologia atual. Não mais louvores a Deus, antes, louvores a si mesmo diante de Deus, o observador passivo.

“Então eu direi: ô u ô abra-se o mar
E eu passarei, pulando e dançando em tua presença”[4]

“Remove a minha pedra, me chama pelo nome
Muda a minha história, ressuscita os meus sonhos”[5]

Nestes dois exemplos interpretados pela Aline Barros, vemos mais uma vez o super-homem ativamente conduzindo não apenas a sua história, mas também dirigindo o próprio Deus no que Ele deve fazer ou não. Na primeira, se faz menção ao episódio de Moisés. O pobre Moisés correu para Deus e pediu socorro. Não ordenou o que Deus deveria fazer. Deus foi o ser ativo da história, Moisés, não fazia ideia do que aconteceria quando se colocou diante daquele mar. Só uma coisa ele conhecia: “Deus pode, se quiser, nos salvar!”. Agora, na versão 2016 desta história, o ser ativo não é Deus. É o super-homem que diz ao mar: “Abra-se!” E o mar lhe obedece! Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem? É o super-homem gospel. Mas é incrível notar que este super-homem faz e acontece diante da face do próprio Deus (que audácia): “E eu passarei pulando e cantando em TUA PRESENÇA”. Deus está ainda no cenário, mas é coadjuvante, secundário.

No segundo exemplo, também de interpretação da Aline Barros, porém composição do Anderson Freire (o dono da patente desta fórmula), mais uma vez vemos o super-homem destorcendo o real acontecimento bíblico. Pobre de Lázaro estava morto. Não havia esperança alguma para ele. Nem pensava em pedir socorro, por que morto não pensa, nem fala. Estava ali, passivamente jazido em seu túmulo. Até que o grande Rei do universo, o verbo que disse: “haja luz!” e houve luz, bradou do lado de fora: “Lázaro, sai para fora!”. Lázaro saiu, para a glória do nome de Jesus. Na versão 2016 da história, no entanto, morto fala, grita, canta e ordena. Jesus, passivamente deve obedecer e fazer um milagre diante do comando urgente do super-homem de Anderson Freire.

Este super-homem é mesmo precioso! Vale mais que ouro puro de ofir [6]! Aquela visão pessimista e caducada que a bíblia expressa acerca da condição do homem, a qual recebeu o nome, pelos pais da igreja, de doutrina da “Depravação Total" [7], já foi removida da prateleira cristã. O homem do passado poderia ser esse ser desprezível, miserável (nas palavras de Paulo [8]), caído, mas o super-homem superou esta condição! O homem do passado era objeto da ira de Deus, enegrecido, cego, tolo, nu, pobre, inimigo de Deus. Mas ele evoluiu (aleloias)! Agora é valioso, alvo da mais agigantada brandura e apreços divinos. O homem do passado sucumbia diante do pecado, mas o super-homem gospel (de Anderson Freire) não sucumbe! “O Pecado não consegue"[9] com ele. Adão perdeu tudo o que era de beleza e marca divina nele, foi manchado, maculado, e amaldiçoado. O Super homem não. No caso dele: “O pecado não consegue esconder a marca de Jesus que existe” nele. Os efeitos devastadores, perniciosos, degenerativos e humilhantes do pecado não fazem muita coisa com o super-homem.

É curioso estarmos chamando este personagem ousado, corajoso, decidido e auto-suficiente, que Anderson Freire expressa em sua canção, de “super-homem”, afinal, em outra de suas canções, intitulada “Mapa do Tesouro”, ele afirma: “ninguém é super-homem”. Parece uma incongruência. Mas não é. Mesmo nesta canção onde ele parece estar diminuindo o brilho do ser humano, uma frase celebre do refrão vai deixar claro que ele ainda esta falando do seu super-homem: “O calvário declarou, com o sangue de Jesus, para o mundo o seu valor”. É ele! O super-homem de Anderson freire! Tão valioso que a cruz não é nada mais que um outdoor para a exibição de seu valor e preciosidade intrínsecas. Alguém esta olhando para o evento da cruz pelo lado avesso! Na cruz, o que fica evidente a todos os seres em todos os tempos, não é o valor do homem e o quanto ele merece ser reconhecido. Antes, a cruz é o maior testemunho acerca de Deus. Ela revela sua ira, seu furor, sua misericórdia, sua graça, sua glória, seu poder. É para que os anjos e os homens o adorem pelos séculos vindouros.

A grande verdade, caros leitores, é que, quanto à filosofia, Anderson Freire não é nada inventivo. Ele faz um eco dos teólogos liberais (saiba ele disso ou não), que já propunham há mais de um século a evolução do homem espiritual.

Ao decorrer do século XIX, com a chegada súbita do que foi conceituado mais tarde como “iluminismo”, a teologia ortodoxa sofreu grande impacto chegando a convulsionar diante das novas demandas intelectuais e filosóficas, as quais não apenas se arriscaram a tocar no sagrado coletivo, até então intocável, mas também viraram as costas para o senso comum religioso que aceitava passivamente as antigas premissas ortodoxas.

Diante deste cenário o mundo teológico viu as firmes e sólidas colunas da tradição cristã começarem a rachar e esfarelar em velocidade assustadora. O que antes parecia eternamente firme começa a ceder diante do historicismo, do cientificismo e do racionalismo.

Rudolf Bultmann, por exemplo, propunha uma desmitologização do texto sagrado, a partir de ferramentas filosóficas. E para quê? Para que o homem pudesse experimentar uma nova revelação, de uma nova possibilidade de existência humana menos dependente do divino e do misticismo. O que ele esperava com essa descoberta de uma nova possibilidade de existência humana? Ele esperava (para usar seu próprio termo) que o homem se AUTENTICASSE. Deveria sair das sombras da inautenticidade, e vir para a luz da autenticidade.

Teilhard de Chardin, um teólogo cientista, que se esforçou arduamente para casar a fé com a razão, foi ainda mais longe que Bultmann e sugeriu que o homem estava em evolução (assim como declarava a ciência moderna de Darwin), e sua evolução seria até que ele atingisse a forma independente e auto-suficiente de Cristo. Ele chamou Jesus de “Cristo-Ômega”. De modo que, todo homem um dia será como Cristo: auto-suficiente, independente, moralmente equilibrado e sem necessidade alguma. Em outras palavras, todo homem se transformaria na raridade proposta por Anderson Freire.

Dietrich Bonhoeffer, o teólogo contemporâneo ceifado antes do tempo, que lançou bombas atômicas dentro da teologia filosófica e prematuramente morreu antes de dar maiores explicações sobre suas teses, razão pela qual alguns o consideram liberal, sugere que o mundo chegou ao que ele chamou de “Maior Idade”. Veja o que ele diz:
O homem deve aprender a lidar consigo mesmo em todas as questões de importância sem apelar à “hipótese operacional” chamada “Deus”[...] está ficando claro que tudo avança muito bem sem “Deus” -, e, na verdade, tão bem quanto antes.[10]
O mundo que alcançou a maior idade de Bonhoeffer é um mundo sem Deus, sem ídolos, um mundo que não adora a nada. Um mundo totalmente despojado de ilusões religiosas. Para Bonhoeffer, a igreja não poderia se opor a esta realidade instaurada no mundo, antes, melhor seria considerá-la. Resistir a isto seria, nas palavras de Bonhoeffer, um “grave desserviço à fé”. Bonhoeffer pretendia que o homem se visse autônomo, sem mais necessitar das muletas da adolescência religiosa.

Bem, com toda essa ajuda de Anderson Freire e do movimento gospel, não vai demorar muito para, de fato, alcançarmos a autonomia e auto-suficiência do mundo da maior idade de Bonhoeffer. Ainda estamos na presença de Deus. Já não precisamos mais dele, é um fato, mas ainda estamos na presença dele. O convidamos para o nosso espetáculo como um coadjuvante. Logo, muito em breve, ele será cortado do elenco.

Citações:

[1] ANJOS, A. Eu e Outras Poesias. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.
[2] Fidelidade, composição de Anderson Freire.
[3] Jonathan Edwards foi um dos maiores avivalistas do século XIX, fortemente influenciado pelo movimento dos puritanos, em determinado momento de sua vida escreveu o que ficou conhecido como “As Firmes Resoluções de Jonathan Edwards”, um compilado de 70 resoluções que ele pediu graça à Deus para cumprir ao longo de sua vida. Tratava-se de decisões acerca do seu profundo desejo em ser dominado por uma vida piedosa de comportamento moral, espiritual e ético equilibrados. Até o fim de seus dias ele lutou para cumprir, nem que fosse por um único dia, tais resoluções, embora, por vezes, tenha relatado da enorme dificuldade em se viver diante de um padrão tão elevado de santidade.
[4] Vitória no Deserto, interpretada por Aline Barros, composição de Luciano Moreira. Embora não seja de Anderson Freire, reflete a mesma ideologia que hoje se encontra na maior parte das canções do gospel popular.
[5] Ressuscita-me, interpretada por Aline Barros, composição de Anderson Freire.
[6]  Referência à canção Raridade, um dos maiores sucessos de Anderson Freire, que carrega de maneira escancarada a filosofia humanista, desprezando de forma veemente as doutrinas ortodoxas acerca do pecado e do homem.
[7] Depravação Total é o primeiro ponto dos chamados “5 Pontos do Calvinismo”. Um sistema de compreensão bíblica aceito como ortodoxo diante da Teologia Reformada.
[8] Romanos 7
[9] Mais uma vez, referência à Raridade, de Anderson Freire.
[10] Bonhoeffer, pag. 382

***

Marco Telles é cantor e ministro do Evangelho. Lidera uma Comunidade Reformada e é membro da Igreja Presbiteriana do Bairro dos Estados, João Pessoa-PB.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Leonardo Gonçalves: a pausa, a fama e a canção

Eu só ia escrever isso:
 “ O mundo gospel é a venda do sacrifício no templo corrompido. Os cambistas são os artistas. Os "adoradores" são os financiadores. Os “Jesus'ses” são... aqueles "desafinados" que não curtem a harmonia herética e por isso fazem cacofonia com Verbos e chicotes.

Será se ele assistiu atônico aquela cena repaginada para os dias de hoje? (devaneei sobre a notícia “Leonardo parou”).

(...) ‘o mestre derribava as mesas, a cadeiras iam ao chão, os pombos voavam livres e as pancadas do azorrague davam um novo compasso a canção....’ [sobre Mt 21.12]

Leonardo parou”.
Feito isto, para não ser demasiadamente justo ou exageradamente injusto, o texto segue:

Eu sempre achei o Leonardo Gonçalves um artista de nível elevado, muito embora sabendo muito pouco sobre a sua fé. Conheci seu trabalho através de João Alexandre, outro grande mestre da música cristã.

Há alguns anos, acompanhando a sua ascensão em fama, contemplava a grandeza de suas canções à sombra da desconfiança ao vê-lo na estante do mercado da fé. Isto porque a diferença de uma celebridade contemporânea e um famoso de décadas atrás é que a fama costumava ser resultado da genialidade. Daí, falando-se no aspecto arte, encontrar um erudito no meio de “manequins do gospel” abria para mim uma possibilidade de aceitar que o mercado evangélico estandardizava, em menor escala, bom conteúdo.

Leonardo era minoria. Isto porque artistas do gospel são fabricados, geralmente em série... e a arte deles também. Não dava para eles criarem vários “Leonardos”.

Em entrevista a Veja, o cantor admitiu ter sido a fama o principal fator para que ele desse um tempo em sua carreira.
"A cultura do selfie é algo que me incomoda profundamente, por razões diversas. (...) Sei que a gente vive no mundo da imagem. Mas me incomoda o fato de que hoje em dia a gente vê musica, não ouve." [disse Leonardo a Veja]
Como relatei acima, a fama no passado estava ligada, mesmo que frouxamente, a habilidade, conquista ou trabalho. Contudo, ao que parece, o Leonardo se viu engolido por uma cultura pop onde sua arte, consciência e devoção pouco passaram a importar diante de uma self, um programa de tv, ou mesmo de uma turnê hiper-rentável -  “será se eles entendem o que eu canto?”, quem sabe seja um dos maiores conflitos para quem entra no Mainstream, mas ao mesmo tempo não quer deixar sua visão missionária diante da arte.

Ter a sua própria imagem maior do que a mensagem que se propaga com sua arte é uma das muitas incompatibilidade que o mundo pop gospel gera perante um público que, em sua imensa maioria, assiste mais a Globo do que lê a Bíblia.

Mas quem entra na “chuva do gospel” é impossível não se molhar de tentação.

A primeira tentação ocorre na própria arte (leia-se na corrupção da alma). Artistas verdadeiros não abrem mão da validade de sua arte em troca fórmulas e modismos que diminuem suas intenções... quanto mais se falando de artistas cristãos (os quais tudo fazem por devoção a Deus por saberem que tudo vem dEle e volta para Ele).

Canções para Deus não são mercadorias medidas por técnicas de semiótica  em detrimento do sucesso aliado ao bem estar do homem ("Remove a minha pedra..."; "Você é precioso, mais raro que ouro"...; "Hoje o meu milagre vai chegar..."). Sendo bem arcaico no bom sentido, Eusébio, já no século III nos ensinava sobre como a música para Deus deveria ser:
Nós cantamos o louvor de Deus com saltério vivo (...) Nossa cítara é a totalidade do corpo, cujo movimento e ação a alma canta hinos adequados a Deus[1].
Hinos adequados a Deus. Isto é, a primeira motivação de um cantor cristão é fazer uma arte que se adeque, primeiramente, ao consenso de Deus e não ao gosto do mercado, às suas licenças poéticas ou o seu plano pessoal de fama.

Mas, voltando ao gospel... este sim, trata a música como uma mercadoria que mais amplifica o kit pop (shows, grifes e mídia televisiva) do que se compromete com a adoração e doutrinação do público consumidor (os evangélicos).

A segunda tentação decorre da imagem que o artista passa a ter de si mesmo. É interessante o que o Steve Turner fala a respeito do estrelismo:
“O estrelismo tende a inflar o ego das pessoas, mas o público também quer celebridades com egos inflados, pois as torna interessantes. Humildade e autocontrole não fazem boas histórias, mas arrogância e imprudência, sim. As pessoas querem que suas estrelas sejam maiores que a vida. Querem que elas façam coisas que sempre sonharam, mas que não têm coragem, dinheiro e oportunidade para fazer.” [1] 
Uma das características da fama contemporânea é que não importa o que leva você até ela, o importante é chegar lá (e essa mesma dinâmica tem atraído os candidatos a entrarem no mundo gospel). Observe as lágrimas de muitos candidatos em show de talentos, eles choram por que veem sua salvação se esvaindo. Acreditam que só serão valorizados se forem famosos e, portanto, quando a fama se vai eles se sentem destruídos.

No Gospel é assim! A imagem é o carro chefe! O homem é o centro! O Hit é o que fatura, e adoração é só a consequência, por tabela.

Voltando. Eu ia terminar o texto apresentado no início assim:

Eu acredito que Deus não criou nenhum ser humano para ser famoso, para parecer mais importante que o outro. Somos todos iguais.” [Leonardo Gonçalves]”

Findo sem saber, de fato, o que representará na verdade "Leonardo parou". Vamos esperar?

***

[1] Adoração na Igreja Primitiva [Ralph Martin]
[2] Engolidos pela Cultura Pop [Steve Turner].

Antognoni Misael.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Que Deus nos ajude a não jogar a toalha

Por Antognoni Misael

Tenho vivido dias de tempestades. Já são 17 anos de evangelho e o sofrimento parece só ter aumentado. Isto porque me ensinaram precocemente a tal de uma “arte de pensar”. Aí comecei a me achar um “pensador”, principalmente depois que me disseram que tinha recebido a mente de Cristo. Então o que antes era um exercício para auto-edificação, aos poucos foi se tornando o meu próprio fardo -  isto porque limpei as sujeiras de minhas lentes pelas quais via as coisas, mas infelizmente não pude fazer o mesmo com muitos que me rodeiam.

Concordo piamente com o que disseram certa vez: “o mais corajoso dos atos ainda é pensar coma própria cabeça" (Coco Chanel).

Ando pecando muito. Confesso. Por isso estou invejando aquele simples cristão que mora no campo; que passa o dia abraçado com a criação de Deus lidando diretamente com a natureza e as mais variadas formas de plantas, pássaros, riachos, rios, vento, sombra... Quanta simplicidade!

Invejo o cristão humilde daquela igrejinha simples, que a noite se reúne com os irmãos num templo pobre, sem som, iluminação, sem amplificadores, sem instrumentos eletrificados, sem projetores - apenas a Bíblia, a voz, a viola do campo envelhecida e a maravilhosa presença de Jesus.

Invejo o cristão que não sabe nada sobre o academicismo teológico, o qual tem reproduzido gente que diante de tanto conhecimento acaba se desnaturalizando  e perdendo a beleza do ser e existir.

Invejo os que nunca ouviram falar em shows gospel e nunca souberam das falcatruas dos seus astros que, por amor ao dinheiro, têm adorado a falsos deuses, dentre eles, mamom.

Invejo o cristão que nunca acessou uma internet e nunca teve noção do estado da igreja brasileira. Que ele nunca assista a esses vídeo onde cristãos mais parecem insanos, loucos e des-racionalizados. (Sim a loucura do Evangelho, mas nunca a loucura dos evangélicos).

Invejo o cristão que nem sonha que existem milhares de pseudo-líderes escondendo a cruz de Cristo e faturando grana em detrimento de um falso evangelho.

Os invejo porque sei que estão regozijados e satisfeitos plenamente em Cristo e poupados das tantas loucuras deste mundo.

Estamos diante de um conflito sistemático que nos inquieta. Tudo está em cheque: nossa fé, missão e relevância. E ao notar que as engrenagens do sistema o qual estamos inseridos está enferrujada, não nos cabe mais a fuga, mas sim o doloroso enfrentamento por amor a Deus e a sua Igreja. Daí notamos que “pensar” tem nos gerado sofrimento porque automaticamente esta ação faz com que não nos conformemos com a loucura corrupta deste mundo, e isso ao mesmo tempo nos torna perseguidos por uma outra “fé”, outra “missão” e outra “relevância”.

Outra fé. A fé do evangelho conveniente. A fé do mistério, da prosperidade, da cura, do decreto, da barganha.

Outra missão. A missão de ser feliz a todo custo. A missão de ser destaque neste mundo, ser cabeça, ser filho do Rei e ter direito ao melhor desta terra.

Outra relevância. A relevância de ser um povo separado, longe e distante do pecador.

Sendo perseguido por estas “outras” citadas e denunciado-as como incoerentes com os valores do reino, automaticamente tornamo-nos os perseguidores. E neste prisma, alguns embates surgem como proposta para nosso recuo:

1) Somos acusados de dividir o reino

2) Somos acusados de tocar nos "ungidos do Senhor"

3) Somos acusados de rebeldes e intolerantes

4) Corremos o grande risco de que alguns crentes se afastem de nós

5) Corremos o grande risco de nos tornarmos uma espécie de intruso na igreja

Contudo, 'pensar' ainda tem sido uma arma para igreja nestes tempos - por isso é de se estranhar uma igreja que diz ter a mente de Cristo, mas ao mesmo tempo odeia usá-la.

Pensar. Não é proibido pensar. Aliás, "É proibido proibir" de pensar.

Mas vamos logo sabendo que quem pensa muito, descansa menos. Entretanto, o nosso chamado é para não nos conformarmos, mas nos transformarmos pela renovação da mente. Isto é, penso, logo sigo a Jesus, em Rm 12.2.

Termino pedindo misericórdia e Graça a Deus, pois as "invejas" citadas acima, e que tanto sinto, na verdade podem ser uma evidência de que estou cansando. E cansar pode gerar em mim (ou em nós) a covardia de viver um “Let It Be” religioso, como se ter a mente de Cristo não fosse algo honroso, uma vez que nos faz sofrer, ser mal interpretado, injustiçado e perseguido.

Que Deus me (e nos) ajude a não jogar a toalha!

Soli Deo Gloria

***

Antognoni Misael, cansando diante de tanto anacronismo evangélico, ou como se disse por aí, em-vão-gélico.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A ostentação Gospel e o estilo de vida proposto por Cristo

Por Antognoni Misael

Amiguinho, você que acha tudo normal no mundo dos evangelicos, inclusive os cachês dos pregadores e cantores gospel; que acha que nasceu pra ser cabeça e não cauda; que simpatiza com o “deus” que quer lhe promover a classe dos ricos; que põe adesivo no carro novo “foi Deus quem me deu” e ostenta... Você que foi ensinado que ser evangélico é sinônimo de receber “bênçãos”, tenho algo a lhe dizer: você está tremendamente enganado!
"Embaixo da ponte as pessoas roubando e matando... em cima da ponte...crentes tranquilamente se achando no direito de ficar descontentes com Deus, não comprou carro novo não?” [Janires, Rebanhão]
A primeira coisa que precisamos pontuar é a seguinte: quando recebemos a dádiva do favor imerecido do Pai, sendo então nós promovidos de, filhos da ira de Deus (Ef 2.3) - em virtude dos nossos pecados - para filhos da redenção (Gl 4.6), por Graça e misericórdia, não há absolutamente mais nenhum direito de esperarmos algo vindo da parte de Deus em nosso favor. Como disse o apóstolo Paulo, agora o morrer é lucro!

“Salvos pela Graça”! Se esta é a melhor notícia que alguém poderia ouvir, o que mais se pode aguardar de Deus que nos cause maior felicidade do que tal boa nova?

Mas, mesmo assim, sendo Deus rico em bondade e em amor, Ele ainda nos garantiu provimento de nossas necessidades básicas (Fp 4.6); que estaríamos sempre sob a sua proteção, e como ovelhas cuidadas pelo bom pastor, ninguém as arrebataria de Sua mão. (Jo 10.14)

Desta feita, mais uma vez ficamos constrangidos. Ou não? Além de sermos alvos do seu infindo amor, ainda somos cuidados e guiados por Ele. Que mais podemos querer ou exigir de Deus? Sendo assim, qualquer acréscimo e provisão que temos em vida, entendemos como graça e bondade de Deus para conosco. Por isso também nos consideramos mordomos de Deus. Afinal, tudo é dEle!!

Infelizmente não é esta compreensão que temos visto e ouvido na grande fatia dos evangélicos do Brasil. Eles querem ostentar!! Perceba, não que estejamos fazendo algum discurso “franciscano” ou de "auto-pobreza”. Mas o que fica-nos como base de semelhança com Cristo são três coisas importantes para vivermos santidade proposta por Ele: a humildade, a simplicidade e o contentamento.

Vejamos que dados alarmantes: mais de 800 milhões de pessoas encontram-se na mais absoluta pobreza, e 10 milhões morrem de fome todos os dias. E eu e você? Do que temos reclamado? Que tijolo a mais tanto almejamos no nosso castelo de luxuria?

Enquanto alguns missionários dentre nós foram chamados a viver entre os pobres, e outros a abrir seus lares aos necessitados, pergunto: - nós estamos pelo menos dispostos a viver um estilo de vida simples? Ou você tem cantado “Restitui” ou “Ressuscita os meus sonhos” na mais audaciosa intensão de acumular a riqueza que você não precisa, ou galgar o status social que perante Deus não significa absolutamente nada?

Será se temos reexaminado nossa renda e nossos gastos a fim de que possamos doar mais aos que precisam? Estamos dispostos a renunciar o desperdício e nos opormos a extravagancia de nosso estilo de vida em matéria de roupas, moradia, viagens e aquele smartphone (fora de moda)?

O Dr. John Stott na obra Discípulo Radical menciona (p. 64), de forma bem prática, sobre o cuidado de fazermos a distinção entre: 

1) necessidade X luxo; 
2) “hobbies” criativos X símbolos de status vazio;
3)  modéstia X vaidade; 
3) celebrações ocasionais X o nosso dia-dia; 
4) serviço a Deus X a escravidão à moda.

Talvez você pense que viver em santidade só esteja relacionado aos mesmos temas da estante legalista, como apenas ter cuidado com pornografia, com os lugares que vai, com a roupa do “crente”, a frequência dos cultos que não pode diminuir, enfim, os velhos “pecados sociais e morais”...

Contudo, fica-nos claro que santidade também tem tudo a ver com o “ser” e a “andar” como Cristo andou. Daí você começa entender que não precisa só receber e ostentar, ser santo como Cristo foi, tem tudo a ver com doar, com a simplicidade do viver e com o contentamento.

Em outras palavras... não amar ao seu próximo a ponto de querer viver ostentando para si próprio e não doar-se para ele é imensamente mais grave do que cometer os tantos pecados sócio morais que pode-se mencionar.

O estilo de vida proposto por Cristo é andar em santidade. Andar como ele andou. Simples, humilde e cheio de contentamento.

Quando os Cristãos importam-se uns com os outros, Jesus Cristo torna-se mais visivelmente atraente”. Pensemos nisso.

***

Antognoni Misael. "Herege", doente e que vive ostentando. Mas, vou me consertar ok?

Conferência Off Line: Os Evangelho de Hoje!

Pessoal, nos próximos dia 15, 16 e 17 de janeiro ocorrerá a segunda edição da Conferência Off Line. O tema do evento é recorrente: Os Evangelhos de Hoje.

Os palestrantes pregarão nos seguintes contrapontos: Evangelho de Cristo X Evangelho Triunfalista (Via Rev. Rennan Dias); Evangelho de Cristo X Evangelho Pragmático (Via Pr. Marco Telles); Evangelho de Cristo X Evangelho Místico (Via Pr. André Luis).

Na participação musical estarão presentes as bandas locais com trabalhos autorais recém lançados pelo selo Candiêro Canções: Ahava, Prumo, Marco Telles e Banda, Jotta Carlos Jr., Atitude e Adoração, além da presença de Stênio Március e Diêgo Venâncio.

A conferência ainda promoverá duas mesas redondas.
O local da Conferência ocorrerá em João Pessoa-PB, no Bairro dos Bancários, na Igreja New Life. Dúvidas sobre o evento e mais informações? Você pode entrar em contato conosco pelo facebook de Misael AC ou ligar para (83) 8745 7031.

Você é convidado! Monte sua caravana e venha!!
***

Arte de Chocar

sábado, 10 de janeiro de 2015

"Apóstolo" unge a Paraíba, faz sacrifício em favor de seus discípulos e ameaça editor do Arte de Chocar

***

 Ruy Cavalcante é um caçador de heresias e vez por outra veste esse personagem fidedigno do apostolado. É amigão que mora lá longeee...Mano, vou lançar um decreto de perseguições para o Acre, aí os crentes estão ostentando muita riqueza, e na verdade o correto é enriquecer quieto e discretamente para que o inimigo não coloque olho grande na igreja.