sábado, 17 de setembro de 2011

{Palavrantiga} - O som do rock cristão que eu tanto esperava

Por Antognoni Misael
Ontem, dia 16 pude conhecer de perto o som da banda mineiro-capixaba {Palavrantiga}. Os bons momentos de música no evento denominado "Sexta-Livre", da Igreja Batista de Tambaú, me rendeu este simples artigo.
Intitulados como uma banda brasileira de rock, e capitaneado por Marcos Almeida (vocal e cordas), Lucas Fonseca (bateria), Josias Alexandre (guitarra), Felipe Vieira (baixo), {Palavrantiga} é sinônimo de que o “antigo” (escrituras de Deus) jamais se torna velho em seu sentido literal neste confuso mundo contemporâneo. Basta ouvir o rock avante garde desta banda que descomplica a vida cristã e comumente ganha espaço no meio cristão e secular. Seu recente trabalho “Esperar é Caminhar” configura uma obra contemporânea que desconstrói muito do que nos foi ensinado a respeito do evangelho, desafiando-nos a uma vida de comunhão, alegria e amor ao próximo.
{É o Senhor quem pergunta: onde está você que diz que me adora, mas não estende a mão? (Amor que nos faz um)}
Em uma época repleta de jargões, mantras, a banda traz um plano com guitarras distorcidas e circulares, batidas pop, melodias intimistas, e letras bem realistas que transparecem a imperfeição humana em contraste da graça divina. Diferentemente do rock do Rabanhão (anos 80), o som pesado dos dinossauros do Resgate (alá anos 80 em 1991), dos descaminhos filosóficos da Banda Catedral (anos 90), da descontinuidade do Oficina G3 (2000) que resistiu na lideraça de Juninho Afram, Palavrantiga surge no ápice da sensação de que o século XXI não nos reservaria algo novo. Em 2008 o grupo cai no asfauto e se apresenta ao mundo.
{'Estou em obras, essa morada um dia será perfeição', e mesmo assim não deixando de ser 'Casa, lugar de Deus', que habita em nós. (Casa)}
Sem pretensão purista, não dá pra dizer que o som dessa turma tem total originalidade. Aliás quem um dia foi totalmente autêntico? Minhas impressões sobre essa boa alquimia remete a forte influência de U2 nas guitarras, batidas do brit pop e no reverb vocal  de Bono Vox (como na canção Feito de Barro). A mudanças tonais lembram esporadicamente também a erudicao vocal do Renato Russo, o que se abastece de tanta subjetividade interpretativa a ponto de outra pessoa assemelhá-lo a outros sons e/ou vertentes. Certamente as quebra de nuanças stomp com batidas alá Bossa Nova, característico da segunda fase dos Los Hermanos, seja comprovada ao ouvir o belíssimo trecho da canção “Pensei”: “Vou e faço o meu melhor, isto é barro em Tuas mãos”... Contudo minhas tentativas aqui de querer descrever este belo som podem não significar nada para alguns , ou quem sabe alguém escreva uma matéria semelhante o comparando com outros sons que não citei aqui(me arrisco). 
{Tu és meu Deus, Teu nome é grande. Tu és eterno, mas não distante. (Pensei)}
{Palavrantiga} aborda com profundidade o tema da humanidade e isto me lembra muito as nuaças dos Salmos; em canções como “Feito barro”, temos uma aula de teologia em pouco menos de 5 minutos tratando da queda de Adão e a reconciliação em Cristo; noutros momentos do disco também dialoga com a filosofia pós-moderna em “Rookmaaker” dando um sentido aplicativo ao "ser", "viver" e "estar" no mundo:
{'A cidade está cheia de sons (...) na cidade dos homens tem gente que consegue ouvir, mas os outros estão surdos para Ti (...) Você anda zombando da cruz (...) A cidade está cheia de atores'}
Como toda banda bem sucedida, o grupo como também traz aquela canção que como um loop ressoa em coro popular. Será se estou enganado quando me refiro a “Vem me socorrer”?
“Esperar é caminhar”, título do disco, quiçá desfaz o que seriam os “sinais” reais de Deus perpassados pela religiosidade secular para conosco. Marcos Almeida, autor de todas as músicas, relata o silêncio do Pai, como tão íntimo quanto a Sua voz. De fato às vezes esperamos o mar se abrir, ou Deus ressuscitar nossos óbitos, aguardamos providência através dos chavões divinos, enquanto que Ele trabalha muitas vezes numa perspectiva atemporal e eterna, às vezes ilógica a nós (pura soberania). “Esperar”, portanto não remete ao estático, ao fracasso, mas ao movimento, ao agir, ao caminhar na certeza de que Ele está no controle. Quanto a Sua resposta ante a nossa espera? Ao Seu tempo dirá...
{'Eu espero em Ti, embora sem saber. Como Tu dirás, eu não sei, mas esperarei”. (Esperar é caminhar)}
Indico esta banda sem medo de errar. Palavrantiga representa algo que a tanto tempo não surgia no rock cristão em termos estéticos, sonoros e porque não, teológicos. Como falei, não é algo “novo”, mas sim uma mistura nova, agradável, edificante. Ansiamos que continuem por esse caminho de humildade, seriedade e de pé-no-chão.
Pra não ser reduntande, quem sabe ouvir, refletir e curtir seja a melhor coisa a fazer agora.
{'Vai raiar o sol, Vai raiar outra vez. Irá aquecer corações. A luz trará um novo alvorecer
Sobre nós'
(Palavrantiga)}
 
 Acesse:http://www.palavrantiga.com/ e conheça mais sobre o grupo.

2 comentários:

  1. Fala mano!

    Também gosto muito do som dos caras. "Rookmaaker" é de longe a minha preferida e "Casa" é a preferida do meu filho Ravi.

    Obvio que também fiquei feliz quando ouvi o som dos caras, e até aqui tudo que tem me falado deles é coerente. Se eles souberem lidar com o sucesso de forma positiva, certamente irao abençoar muita gente no meio cristao.

    No mais, abraçao pra ti!

    Em paz,

    Leonardo

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