quarta-feira, 7 de março de 2012

O que fazer quando a jumenta está falando?


“E, vendo a jumenta o anjo do SENHOR, deitou-se debaixo de Balaão; e a ira de Balaão acendeu-se, e espancou a jumenta com o bordão. Então o SENHOR abriu a boca da jumenta, a qual disse a Balaão: Que te fiz eu, que me espancaste estas três vezes? E Balaão disse à jumenta: Por que zombaste de mim; quem dera tivesse eu uma espada na mão, porque agora te mataria. E a jumenta disse a Balaão: Porventura não sou a tua jumenta, em que cavalgaste desde o tempo em que me tornei tua até hoje? Acaso tem sido o meu costume fazer assim contigo? E ele respondeu: Não.” (Números 22:27-30)

Alguns pastores têm caminhado pela estrada do ministério com tanta sede de dinheiro, de serem reconhecidos, de terem cada vez mais pessoas debaixo de sua “cobertura”, de estarem debaixo das luzes da ribalta que se esquecem de observar se não tem algum anjo do Senhor no meio do caminho já com a espada desembainhada para feri-los de morte e pior, começam a espancar as mulas que dão sustentação ao seu ministério, à sua caminhada. Só porque as pobres “jumentas-profetas” estão tentando mostrar que alguma coisa está muito errada neste caminho que está sendo seguido. 

Não é fácil sair do caminho das facilidades, pois quando olhamos para os grandes ministérios de longe tudo parece tão glamoroso, aqueles homens e mulheres com tanta unção, tanto brilho, carros e jóias caras, que a maioria dos pastores mal podem esperar para verem seus ministérios explodirem e se transformarem nos pregadores ou cantores da moda.

Existe todo esse esforço nas igrejas no sentido de produzir crescimento, mesmo que seja artificial, essa pressa de se formar “líderes” prontos para conquistarem sua geração, que não dá tempo para ouvir essas estúpidas jumentas que não param de dar trabalho e de reclamar do chicote pesado.

Mas quem foi Balaão? Foi um profeta que havia sido instruído por Balaque para pôr tropeços e amaldiçoar o povo de Israel. No entanto, Deus lhe revelou que ele deveria, na verdade, abençoar o povo. No entanto, ludibriado por ofertas financeiras feitas pelo rei, se pôs a caminho para amaldiçoar o povo, momento em que ocorreu a situação descrita acima com a jumenta.

Interessante que o livro do Apocalipse, na carta de Jesus à Igreja de Pérgamo, está escrito que: “Mas algumas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrifícios da idolatria, e se prostituíssem. Assim tens também os que seguem a doutrina dos nicolaítas, o que eu odeio. Arrepende-te, pois, quando não em breve virei a ti, e contra eles batalharei com a espada da minha boca” (Apocalipse 2:14-16). Olha a espada desembainhada de novo.

Assim amado pastor e líder, se as jumentas que sustentam sua vida ministerial começarem a dar com os burros n’água, tentando te alertar de alguma coisa, se os seus propósitos têm sido metas numéricas e financeiras, apenas meta o chicote na jumenta, mas bata com gosto, com muita força mesmo, quem sabe no desespero da mula Deus não abre sua boca para que falem alguma coisa e você possa ver o anjo com a espada desembainhada? Quem sabe Deus não abre seus olhos para que você irmão possa ver o quanto seu caminho está errado? Batendo na jumenta, tudo pode acontecer.

O bom da Bíblia é isso, que até mesmo uma jumenta pode nos ensinar alguma coisa e ser usada por Deus para nos alertar de algo que esteja errado. E se Deus pode usar jumentas, imagina o que Ele não pode fazer com um profeta?

Mas temo que esses Balaãos modernos não queiram mais dar ouvidos, nem a jumentas, nem aos profetas, e por isso se cumpre a palavra que diz:“Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.” (Romanos 1:21)

Na história da Bíblia pelo menos Balaão viu o anjo e escutou o murmúrio da pobre jumenta. Mas os pastores de hoje estão tão obstinados em sua caminhada tresloucada rumo ao sucesso, que nem se a jumenta gritar vai fazer com que eles mudem o curso. Pior, eles vão continuar castigando impiedosamente quem não se conforma com suas visões de mundo. Isso é uma pena, pois eles acreditam que a nossa inveja (de nós jumentas ou profetas) é o combustível de seu sucesso (frase tosca de pára-choque de caminhão). Oremos...

Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio para que não se arremetam a ti. (Salmo 32:9)

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Giuliano Miotto é do colunista do ArtedeChocar e editor do Voz do que clama na Net.

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