terça-feira, 10 de setembro de 2013

CRENTE TATUADO: ADORADOR OU IDÓLATRA?

tatooA origem do uso de tatuagens, segundo algumas fontes (http://www.flickr.com/photos/dagmarpereira/5195344368/), se deve aos habitantes do Taiti, os quais acreditavam que a mesma era algo de origem divina. Dizem que ela foi inventada pelos dois filhos do deus Távora, Mata Arahu (aquele que imprime com carvão de madeira) e Tu Ra’i Po (aquele que reside no céu obscuro) que se ornamentaram com tatuagens denominadas “Tao Maro” com o intuito de seduzir e tirar a virgindade de uma linda mulher, que era mantida prisioneira e vigiada por sua mãe; Hina Ere Ere Manua, que, movida pelo desejo de se deixar tatuar, conseguiu enganar a vigilância da mãe e ser “tatuada” (e violada, também).


Com certeza, a tatuagem é símbolo que representa religiosidade (que tipo?), violência, sexo, vícios e superstições. As raízes desta prática são tenebrosas, e o crente não deveria emprestar seu corpo para tais usos.


A Bíblia, a única Palavra de Deus para os seres humanos, de modo nenhum autoriza a prática de tatuar o corpo; pelo contrário, o segundo Mandamento da Lei de Deus (Ex 20:4-6), proíbe terminantemente, o feitio de imagens de esculturas ou gravuras, até mesmo fora do corpo, quanto mais no próprio corpo, o qual não deve ser adulterado, pois o mesmo é templo do Espírito Santo e qualquer ofensa que fizermos a ele, Deus tomará vingança (1 Co 3.16-17). Devemos guardar as nossas almas para que as mesmas não sejam corrompidas através de gravuras na semelhança de animais, de homens, de aves, ou de figuras imaginadas (Dt 4. 15-18).


Há tempos atrás, tatuagens eram usadas pelas autoridades para identificar criminosos. Qual o objetivo de se pregar a favor de um uso cujas origens vêm das regiões onde o céu é obscuro (Ef 6.12)? Tatuagens não faz parte da cultura evangélica, mas, da cultura gentílica, portanto, é vaidade, ilusão, carnal, futilidade; faz parte do espírito mundano, sobre o qual somos exortados pela Palavra de Deus a não andarmos segundo ele (Ef 2.2). Não devemos aprender o caminho dos gentios (Jr 2.2-3), e não devemos praticar costumes abomináveis adotados pela sociedade profana (Lv 18:30). Não devemos amar o mundo e nem as coisas que há no mundo, pois quem faz tal coisa não tem o amor do Pai (1 Jo 2.15). Enfim, tudo o que o crente verdadeiro fizer, deve fazer com o intuito de glorificar a Deus (1 Co 10.31). Tatuagem não é emblema de glorificação ao Senhor nosso Deus.


Nós, da II Igreja Congregacional, não adotamos tais usos. Preferimos a simplicidade. Aceitamos o nosso corpo, na sua forma natural. Não há necessidade de o crente usar esse espalhafato profano. Deus tem nos chamado à pureza e à simplicidade. Nosso Mestre, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, não usou, e não recomendou tais coisas; e, cremos que jamais usaria ou recomendaria esse uso a seus alunos; pelo contrário, Ele recomenda que o discípulo seja como seu Mestre (Mt 10:25). Seu discípulo, deve se purificar como Ele é puro (1 Jo 3.3). Talvez você, crente, alegue que todo o mundo está usando. E daí? Que temos nós com isso? Deixe todo o mundo usar, você, porém, tema a Deus e seja santo no corpo, na alma e no espírito (1 Ts 5.23).


Pr. Luiz Dias


[Luiz Dias é pastor da denominação Congregacional de Guarabira-PB e escreve no blog Assuntos da Eklésia.]


***


Nota do Blogueiro: Queridos leitores, por ter compartilhado este texto, não significa que tenho concordado com ele. Até entendo o zelo e cuidado para com a simplicidade cristã, citada pelo autor. Contudo, queria deixar algumas observações quanto ao texto, e em seguida, espero que deixem suas opiniões:


As origens da tatuagem - Vejam só, quando mergulhamos na historiografia encontramos várias versões para a origem da tatuagem. Tanto há provas arqueológicas que apontam para o Egito Antigo entre 4000 e 2000 a.C., assim como vinda de nativos da Polinésia, Filipinas, Indonésia e Nova Zelândia, dentre tantas versões. Isso não nos importa enquanto origem. Afinal, se formos investigar o que nos rodeia na vida comum em relação aos costumes, culinária, ciência e artes, grande parte dos inventos vieram de ateus, místicos, e religiosos. De modo que, por causa do pecado, tudo que existe na humanidade traz em sua origem a marca do pecado, e isso não seria exclusivo à tatuagem.


Religiosidade - Será que a tatuagem pode ser símbolo de religiosidade? Há não ser que se tatue algo como uma cruz, versículos, símbolos cristãos, etc. Mas, pensemos, nós evangélicos também somos construtores de nossa religiosidade. “Tatuamos” as marcas de nossas idolatrias, elas muitas vezes são invisíveis para que os irmãos não nos condenem; estereotipamos nossas aparências para que pareçamos com o nosso próprio clã; brigamos por décadas por causa de calças, cabelos, paletós, televisão, etc., proibimos uma 'lista de coisas' a nós mesmos quando ditadas pelos nossos líderes, e muitas destas, são coisas que a Bíblia nunca condenou, mas sim nós, homens; agimos com preconceito para com os diferentes (coisa que Cristo nunca fez), tudo isso para proteger nosso grupo do “mundo”, tudo isso em prol da nossa própria religiosidade. Sem falar de nossas próprias construções institucionais: logomarca de denominações, catedrais erguidas, paredes sagradas, instrumentos “sacros”, músicas “santas”, locais de culto, liturgias, usos e costumes, etc. - tudo isto não passa de nossas invenções (que são até positivas), os símbolos de nossa religiosidade.


A Bíblia autoriza a tatuagem? - Pergunto: a bíblia me autoriza a usar sapato de couro? – Claro que Não, pois nunca li sobre este assunto! Assim do mesmo modo, podemos dizer que se ela não autoriza também a fazer tatuagem. Entretanto, a medida que ela não autoriza a usar sapato de couro nem tatuagem, ela também ela não proíbe! (não autorizar não significa “Proibir”). Entre o 'preto' e o 'branco' há um escala cinza cuja Bíblia não trata diretamente, porém nos induz a escolhas baseadas na prudência, na observação dos 'fracos na fé', no máxima de que "nem tudo convém". Mas isso (a escala cinza) é uma outra abordagem que podemos discutir em outro instante.


Não tenho tatuagem. Também não pretendo fazê-la. Mas tenho muito cuidado em dizer algo que a Bíblia nunca disse. Pois a Bíblia não proíbe o uso de tatuagem!


O texto citado no post acima, em Ex. 20.4-6 não fala de imagem no corpo (tatuagem) e sim de imagem esculpida (escultura). Deus exigia que Israel se distinguisse das outras nações por sua adoração destituída de imagens de escultura, uma vez que no tempo certo, Deus proveria sua própria imagem – Jesus Cristo, a própria imagem da Deidade, sob forma corporal (Cl 1.15; 2.19). Portanto, que não se confunda joelho com coelho!


Um texto que talvez, implique melhor sobre a tatuagem, e que o autor não utilizou, é a passagem de Levítico 19:28. Veja:


“Pelos mortos não ferireis a vossa carne; nem fareis marca nenhuma sobre vós. Eu sou o Senhor


Note que, esta passagem se restringe especificamente ao povo de Israel e não a Igreja de Cristo em sua amplitude. Sendo assim, não é possível que se transfira automaticamente todos os mandamentos que foram dados ao povo de Israel para a Igreja, senão estaríamos ainda guardando o sábado, não comendo carne de porco, picanha suculenta, cabidela de galinha e nem poderíamos cortar o cabelo em formato redondo nem tampouco aparar as extremidades de nossa barba, como dizem os versículos anteriores 26 e 27. Portanto, mais uma vez afirmo, em nenhum texto no Velho Testamento a Bíblia proíbe a tatuagem a nós.


O paradigma das imagens - Na vinda de Cristo, a sua imagem foi corporificada e as tentativas de representar a imagem de Deus foram superadas (“quem vê a mim vê o Pai” – Jo 14.9).


A história nos mostra que a igreja primitiva, enquanto perseguida pelos romanos e refugiada em catacumbas reproduzia imagens de peixes, acrósticos, e figuras que representavam suas experiências cristãs. O tempo passou, a história engrenou, e a Reforma Protestante quando erguida por Lutero e outros reformadores enfraqueceu a autoridade do catolicismo sobre o domínio dos artistas, dando a estes uma nova perspectiva de mundo e uma ressignificação do uso das imagens. Na verdade, ironicamente foi a reforma no século XVI que pôs fim, pelo menos na época, a uma visão dicotômica de mundo, compreendendo que esculturas, pinturas, e representações de imagens também poderiam glorificar a Deus (1Co 10.31), e não mais seriam sinônimos de idolatria quando bem utilizadas para o bem de um povo:


“Quando aristocratas rurais, nobres, proprietários de terra e mercadores assumiram o papel de comissários das artes, o tema começou a mudar de acordo com a sua visão de mundo. Essas pessoas queriam paisagens, retratos de família, pinturas de seus cavalos e evocações de cidades estrangeiras. Raramente queriam santos e mártires”. (TURNER, Steve. p. 37, 2006)


O protestantismo reivindicava os aspectos não-religiosos da vida para Deus. Se Cristo era o Senhor, deveria ser o Senhor de todas as coisas, não simplesmente do nosso “universo religioso”. Logo, hoje, entendemos melhor as representações acopladas as artes como uma forma de glorificar a Deus – ou um crente não pode ter em sua casa um quadro de pintura ou um artesanato em sua casa? Se não puder, então tiremos todos os objetos decorativos de nossa vida, pois todos estes são representações de alguma coisa da vida. Glorifiquemos a Deus com ouso de imagens (quadros, pinturas, esculturas, decoração, e tudo na vida)


Cultura evangélica e cultura gentílica -  Quando o texto do post acima diz que “não devemos aprender o caminho dos gentios (Jr 2.2-3)”, questiono: este texto, o que tem a ver com tatuagem? O texto fala sobre a rebeldia do povo de Israel e a idolatria, contudo, desconheço alguma passagem falando sobre tatuagem.


Quando o texto do post também diz que “não devemos praticar costumes abomináveis adotados pela sociedade profana (Lv 18:30)”, o que tem a ver esta menção com tatuagens, quando ela na verdade traz uma lista de recomendações sobre casamentos ilícitos e uniões abomináveis (Leia todo o capítulo 18 de Levítico). Não compreendi a referência bíblica.


Ainda sobre o texto acima, considero muito vaga a utilização da expressão “cultura evangélica”. É preciso um estudo muito  para se dizer o que é tal cultura, como ela se expressa, como ela se forma. A Bíblia nos fala sobre diversas tribos, povos e raças (Ap 7.9). Ela não nos orienta que cometamos um “homicídio cultural” com os convertidos de países e tribos longínquas - e se em alguma tribo é costume se marcar o corpo como expressão da sua fé?  Como fica?


Não faço apologia a tatuagem, não me deturpem por ira, mas compreendam-me: tatuagem não está na escala 'preto' ou 'branco', é um assunto de 'escala cinza', por isso é bom termos cuidado para não “entortarmos” os textos bíblicos, cujo Deus falou especificamente a uma situação e a um povo na velha aliança, e adaptarmos ao nosso bel prazer.


Diante de tudo isso, o que podemos relembrar é que: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus” (1 Coríntios 10:31). Agora (confesso), já que é difícil para alguns cristãos seguirem essa regra até mesmo com relação a vestimentas, imagino que com relação as tatuagens a coisa deve ser bem tênue e perigosa.


Por isso, bem melhor do que dizer que a Bíblia chama de idólatra o cristão tatuado, é mais sensato e bíblico falar: "que tudo me é lícito, mas nem tudo me convém” (1Co 6.12). Porque dizer que quem tem tatuagem desobedece a Deus é um julgamento equivocadíssimo.


Pois o que dizermos do Jesus Glorioso e 'tatuado' que virá em um cavalo branco?


"E na sua coxa está escrito: Rei dos Reis e Senhor dos Senhores" (Ap. 19.16)


Oha só, não parece que Jesus fez um tatoo lá no céu não é?


***


Antognoni Misael, editor do Arte de Chocar.


__


Finalizo deixando bem claro que respeito o autor do texto, tenho como referência de liderança, e leio bastante seu blog, mas com relação a este assunto, não poderia deixar de discordar, pois como blogueiro e cristão que tenta pelo menos pensar as coisas e a vida, ficaria estranho pra mim, ler e não comentar.


No mais, tudo na santa paz.

9 comentários:

  1. Caro blogueiro,
    Mediante a tudo que foi exposto tiro minha conclusão quanto a esse assunto que é tão recorrente em meio a juventude cristã, pois alguns jovens questionam a liderança de minha igreja com perguntas desse gênero. Acredito que deve-se haver um ponto de equilíbrio entre "pecado tatuar" e "pecado não tatuar". Devemos honrar a Deus com nossas palavras, musicas, pensamentos, poesias, dons, habilidades e também com o nosso corpo, mas isso não significa que não posso usar um brinco ou até mesmo usar cabelos longos, isso é cultural, não profano.
    Deus abençoe vocês.

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  2. Gostei muito , pois dizer que tatuagem é abominável , é pura religiosidade , e coisa que não tem nada haver com a Bíblia. Mas como foi citado ,tudo me é lícito mas nem tudo convém , e é com isso que devemos nos apegar , será que minha tatuagem será para a glória de Deus? Não vejo nenhum problema em fazer tatuagens com Cruz , versículos , e alguma adoração à Deus.

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  3. Ola Misael, eu tenho algumas tatoos e não em arrependo de te-las pois as fiz depois que Cristo ja havia me encontrado, entretanto não faço apologia a pratica, pois conviver com preconceitos não é nada fácil e tambem não é para qualquer um, hoje alem de conviver com tais fatos estou indo para o seminário, e graças ao bom Deus nenhum pastor de nosso presbitério tem restrições às minhas tatuagens, pois isso nunca impediu a demonstração de Deus em minha vida. tenho postado em meu blog o que acho sobre tatuagem e piercings... Inclusive a imagem que esta na postagem é de uma das minhas tattos...

    Em Cristo; Marcony Jahel do Hospital da Alma

    http://www.hospitaldalma.com/2010/06/tatuagem-piercings-e-o-cristao-pode.html

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  4. Confesso que quando comecei a ler. Achei que você estivesse escrevendo tais coisas. Levei até um susto. O Lamentável é que as pessoas ainda estão nesse tipo de discussão. Tentando teorizar assuntos como a tatuagem. Porque não falar sobre uma vida íntegra no Espírito, sobre família, sobre santidade(a que é produzida por Deus no coração), sobre Adoração, enfim, tantos outros.

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  5. Paz Marcony, um grande abraço. Então, que Deus te abençoe nesta fase do seminário!

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  6. Direto e LÚCIDO: A prática da tatuagem é algo que não combina com quem, de fato, possui o básico da consciência cristã.

    A tatuagem, mesmo que proclamada, com dízeres bíblicos é algo relativamente negativo para quem deseja estar diante do mundo como uma carta que possa ser lida por todos.

    Conheço alguns crentes que receberam tatuagens, após a sua conversão() e que continuam sem nenhuma expressão da responsabilidade diante de Deus.

    Conheço outros que ao reconhecerem Jesus Cristo como Salvador, já possuiam suas tatuagens, e passaram a sentir na PELE, o arrependimento necessário para anunciarem que é um engano que MARCA o corpo de maneira exdrúxela.

    O menor.

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  7. Amém pastor.

    Mas, a questão debatida não foi essa.

    Quanto a sua colocação, compreendo como vês a questão, mas tmb conheço muita gente o inverso: que não fez tatuagem mas que continua sem nenhum expressão de responsabilidade diante de Deus; de modo que, conheço outros que fizeram após a conversão e são exemplos de piedade, testemunho e empenho no reino.

    Abração.

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  8. Minha réplica está no meu blog.
    http://iiecg.blogspot.com.br/2013/09/replica-ao-comentario-do-blog-arte-de.html

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