quarta-feira, 22 de junho de 2011

O depravo no Forró de Plástico e o autêntico São João

Por Antognoni Misael
É perceptível que o forró autêntico a cada dia perde espaço para o plástico forró. Este último, despontado em meados da década de 90 pelas antigas bandas cearenses ligadas a rede Somzoom Sat: Mastruz Com Leite, Cavalo de Pau, Calango Aceso, dentre tantas, tiveram o bom senso de romantizar o forró sem baixar o nível, ao contrário do que ocorre hoje com o forró do momento... E que forró hein!

Diante de um ataque atômico de bandas de nomes não pouco sugestivos como: Calcinha Preta, Garota Safada, Forró da Xeta, Aviões do Forró, Forró Pegado, Pegada Sacana, Forró da Burguesinha, Forró do Muído, Garota 100 Vergonha, Desejo de Menina, etc., dá pra notar em que nível a sociedade desceu. E quando digo "desceu", não falo da classe menos esclarecida não! Falo de gente de todos os tipos: de analfabetos a universitários, de garis a médicos - nessas horas quando a lata bate a farinha se mistura numa só!
Pra melhor discorrer sobre o tema trago um trecho de uma das canções que mais toca nas rádios e festas daqui no Nordeste atualmente (e por que não dizer no Brasil):

Casa das Prima / Casa Dos Machos

Garota Safada


“Hoje eu durmo lá em cima
Na casa das prima, na casa das prima
Wisk do bom...”

“Hoje eu durmo bem do lado
Na casa dos macho, na casa dos macho
Um por cima, e outro por baixo”

Deixei as coisas dele no portão
Não sei se ele passou para pegar
Até que durou muito tempo

É que eu sô assim mesmo, sô assim mesmo
Se o cara se acha viro no veneno
Isso me irrita, isso me irrita
Saio pra balada com as minhas amigas
É que eu sô assim mesmo, sô assim mesmo
Isso me irrita, isso me irrita
Fico na balada tomando birita

“Hoje eu durmo bem do lado
Na casa dos macho, na casa dos macho
Um por cima, e outro por baixo”
Bebo de tudo faço um regasso
Na casa dos macho, na casa dos macho
Não quero nenhum boy pra encher meu saco
Na casa dos macho, na casa dos macho

Não sei se alguém que recebeu educação familiar considerável, ou que desempenha perfeitamente sua faculdade mental consegue conceber e consumir um esterco sonoro desses? Efetivamente, ao que concluo, a questão não tem muito haver som senso crítico, mas com ausência se senso, escravidão, incapacidade, inércia. E o que me causa náuseas de vergonha é notar que como paraibano e nordestino, percebo que a grande maioria do público, de todas as classes sociais, compactua com o lixo cultural desta região. É sério! Basta um tal de Wesley Safadão, ou a Solange “do aviões” pousar por aqui que é casa cheia na certa! Lamentável do mesmo modo é notar que canções como esta transformam o São João em um palco de pseudo identidade cultural. 

Sinceramente tenho nojo desses grupos de forró e repudio por completo seus discursos. Imagino o mal que causam a sociedade, imagino o que desconstroem ante os ensinamentos dos pais, da religião e da escola, imagino o que plantam diariamente no consciente e inconsciente das crianças, das lares e do(a)s jovens fisgados pela “casa das prima" e pela "casa dos macho”. Ao que parece, a juventude e a família para eles é uma privada, ou estou errado? Cantar traição, prostituição, infidelidade, alcoolismo, sexo é tão natural quanto cantar atirei o pau no gato; e eu até entendo, pois em grau relevante, tais "artistas" tão inspirados em depravações devem viver isso de fato em seus cotidianos - penso seriamente nessa possibilidade. Não consigo entender como a fórmula do sucesso no plástico forró se equiparou a cantar o que intitulo de "música pornô", reveja: “Hoje eu durmo bem do lado, na casa dos macho, na casa dos macho. Um por cima e outro por baixo. Bebo de tudo faço um regasso, na casa dos macho, na casa dos macho".

É que nem giló que sinto saudades de canções como Asa Branca, Assum Preto, Boiadeiro, o xote das meninas, noites brasileiras, a vida de viajante. Ao mesmo tempo dá-me acalento notar que muitos não se renderam a promiscuidade musical - Salve o velho Gonzagão! Jackson do Pandeiro, Flávio José, Alcimar Monteiro, Bibliu de Campina, Amazan, Pinto do Acordeon, Clã Brasil, António de Nóbrega, Dominguinhos... Salve o verdadeiro Forró! Salve o velho São João "das noites mais brasileiras, das fogueiras sob o luar do Sertão"!

5 comentários:

  1. È isso mesmo cara!
    Você falou e disse!Seu comentário está super correto, e é isso mesmo.Esses tipos de sons só estão fazendo com q esta nova geração se perca mais ainda!

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  2. Isso é uma verdadeira desgraça

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  3. Isso n significa que os ouvintes são tão desgraçados quanto a música, mas precisam repensar seus papéis sociais na vida comum e as ideias que consomem através dessas canções!

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  4. ...ai que saudade que eu tenho das noites de são joão,das noites tão brasileiras na fogueira sobreo luar do sertão,meninos brincando de roda ,velhos soltando balões......

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