sábado, 19 de maio de 2012

Eu canto Keith Green, você canta o que?

Keith Green não está entre nós, mas sua música ainda reverbera.

A história de Green é cheia de encontros e desencontros, daqueles comuns em biografias de mártires, como na de Paulo por exemplo, que passou perseguidor de cristãos a escravo de Deus.

Para alguém que viveu o ápice da década de 60, os Beatles, Wood stock, Guerras, a procura de um sentido existencial, não seria de estranhar o encontro com drogas como LSD, maconha, etc.

Em uma de suas buscas Green viajou para o Sul da Ásia atraído pelo misticismo e “amor livre” que inundou os anos 60 e 70. O resultado de tudo, ele mesmo descreveu: um “bad trip”(má viagem).

Mais tarde Green livrou-se do consumo de drogas e se enveredou pelo caminho do ceticismo sendo guiado pelo acaso. Mas, como ele mesmo relatou, um dia foi achado por Deus e este encontro “furou os calos do seu coração”. Green agora transbordaria sua arte, perspectiva, e louvor, na direção a Deus!

Todavia, falemos de sua música. Marcos Almeida {do Palavrantiga} em sua canção 'Rokmaaker' escreveu "Eu canto Keith Green, você canta o que"? O que me fez repensar na qualidade das músicas evangélicas que muitos têm ouvido e cantado nestes últimos anos - numa análise geral, tirando os que ainda remam contra o $i$tema, tenho a séria impressão: "temos regredido"!

Abaixo, temos alguns recortes do texto do Eduardo Mano que relata a visão ministerial de Green, e que ao meu ver deve no mínimo servir de reflexão para os "artistas evangélicos" contemporâneos e para os que pensam a música gospel/cristã.

Visão de Música/Ministério

"Durante seus poucos anos de ministério, Keith gravou 5 discos, sendo 3 de músicas cristãs voltadas ao evangelismo e exortação da igreja, um disco de “melhores” e um último, de adoração – um dos primeiros discos de adoração (nos moldes que conhecemos hoje em dia) gravados no mercado americano. Seus dois primeiros discos foram lançados pela Sparrow Records. O terceiro foi lançado de forma independente, e aqui é necessário dizer algumas palavras.

“So you wanna go back to Egypt” foi lançado por uma gravadora própria, chamada “Pretty Good Records”. Green pediu desligamento de sua gravadora, pois entendia que a música cristã não poderia ser vendida, mas sim dada de graça (ou adquirida pelo valor que o ouvinte pudesse pagar). A gravadora o liberou de forma amigável, entendendo que Keith deveria prosseguir com sua ideia. Esta forma de pensar acompanhou Keith pelo resto de seu ministério, até o final de sua vida. Não apenas isso, como ele não tocava em eventos pagos, fazia apenas shows gratuitos. Ninguém deveria pagar para ouvir o Evangelho! (Pensava Green)

Traduzo a seguir um trecho de texto extraído de um folheto lançado em 1979, à época do disco “So you wanna go back to Egypt?”:

“Keith Green acabou de lançar um novo álbum, e ele não estará disponível em nenhuma livraria ou através de nenhum meio comercial. A gravadora Pretty Good Records recebeu o direito exclusivo de Keith para distribuir o álbum para qualquer um pela quantia que este puder pagar em troca.

A razão principal para não cobrarmos um valor fixo pelo álbum é simples: nós queremos que todos, não importa o quanto tenham (mesmo que não tenham nada), ouçam o ministério da nova vida em Jesus que flui deste álbum poderosamente ungido.

No Ministério Last Days, nós sempre nos importamos com os pobres. Até hoje, nós já mandamos mais de um milhão de artigos, milhares de fitas cassete, e a cada seis semanas nós enviamos uma revista, para quase 100.000 pessoas em todo o mundo, e nós nunca cobramos nada a nenhuma delas.

Nós cremos que se o Senhor dá algo a você de graça, então você deve partilhar disto de graça (Mateus 10.8). O novo disco é nosso maior empreendimento até hoje, e nós não queremos que ninguém fique de fora!

Nós realmente gostaríamos de dividir este ministério musical com você, então se você quer uma cópia do novo disco de Keith, utiliza o cupom em anexo, e nos envie aquilo que você puder, da forma que Deus lhe dirigir.

Nós sabemos que há muita confiança envolvida nesta ação. Alguns nos avisaram que alguns utilizariam esta oportunidade para ‘ganhar um disco de graça’. Mas esperamos que você entenda que estamos fazendo isso não para que as pessoas consigam uma ‘pechincha’, mas porque é difícil para algumas pessoas conciliar o pagamento de 8 dólares por um disco cristão, quando eles nem mesmo podem comprar sapatos para seus filhos.”

Esta é uma atitude que causa calafrios nos executivos de gravadoras ainda hoje, e um caminho que poucos artistas querem trilhar… mas à luz da Palavra, não consigo ver outra alternativa. Tratarei disto em outro texto, em outro momento".
[MANO, Eduardo. Blog Eduardo Mano
]

Em 28 de julho de 1982, quando o avião Cessna 414, alugado pelo ministério Last Days caiu após decolar da pista localizada na sede da missão, Green, juntamente com dois de seus filhos e mais dois missionários com os seus seis filhos, faleceram.

Keith Green está longe de ser uma unanimidade devido a sua radicalidade na música e vida. Suas decisões incomodaram muitos e ainda incomoda. Seu desapego material intrigava os investidores e sua glória não estava no palco. Ele de fato sabia o que queria, por isso arregaçava as mangas, saía dos holofotes e procurava viver nas multidões, proclamando o amor de Deus. 
***
Antognoni Misael, com saudades de uma boa música.

Dica para Texto Biográfico: http://eduardomano.net/eu-canto-keith-green/
Fonte de Pesquisa, filipeflexa.wordpress.com

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