Por Antognoni Misael
Anos atrás peguei o edital do vestibular Universidade Federal da Paraíba para decidir que curso fazer e seguir carreira profissional. Dentre tantos que cogitava, um curso me chamara bastante atenção: “Música Popular”. Tratava-se de um curso novo no campus, e que era voltado para a musicalidade popular, folclórica, menos próxima das escolas eruditas, como é de tradição nas academias do Brasil. Assim como um músico orquestral, o músico popular estaria habilitado para seguir carreira, vendendo sua força de trabalho para o mercado e vivendo dignamente como qualquer outro profissional das outras áreas.
Este embate me fez repensar o que por muitos anos foi inadmissível por parte de igreja. “Poderia eu tocar secularmente”? Era comum se cobrar de um músico novo convertido o abandono total de suas funções no secular na argumentação de que aquela atividade não era para glória de Deus, em detrimento do servir integralmente ao louvor da igreja, enquanto esta se levantava em oração para que um outro emprego “digno” aparecesse para o recém chegado músico.
Repensando nesta questão, que considero praticamente resolvida (sou otimista), trago pequenos trechos do livro “Músico – profissão ou ministério”, do cantor e compositor João Alexandre e de Luciano Garrutti Filho, em que ele (João) contribui com sua opinião sobre o assunto. Acompanhe:
1) Tocar para glória de Deus significa tocar só música evangélica?
J.A.: É bom que se lembre que Deus não é evangélico. Deus é Deus. Há uma tendência de achar que a nossa música, ou a música executada pelos evangélicos, seja a música correta. (...) a música não possui caráter o credo religioso. No tocante à letra, qualquer música que se enquadre naquele versículo que diz: “Quanto ao mais, irmãos, tudo que é verdadeiro, tudo que é justo, tudo o que é puro, tudo que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”. (Filipenses 4:8); pode ser cantada, não precisa ser necessariamente música evangélica. Existem músicas que nem evangélicas são, e que falam sobre verdades muito bonitas, sobre valores intrínsecos, os quais estão de acordo com os valores bíblicos. Tudo o que está contido na Verdade bíblica é passível de ser cantado, sem qualquer constrangimento. Aliás, depois da conversão já não deveria mais haver distinção entre aquelas atividades que são consideradas como carnais, e aquelas consideradas como espirituais. O que queremos dizer com isso é que, depois da conversão, tudo o que fazemos deve ser espiritual. Lavar o carro deve ser tão espiritual quanto cantar um “corinho”, por exemplo. A Palavra de Deus nos ensina que devemos andar em Espírito (Gálatas 5:16, 25; Colossenses 1:10; 2:6), significando que o estar em Cristo não é constituídos em atos isolados, mas de um estilo de vida motivado por um coração transformado por Deus.
2) O músico profissional cristão deve e pode trabalhar em ambientes tais como bares, restaurantes, etc.?
J.A.: Isto seria o mesmo que perguntar a um médico se ele pode trabalhar em um hospital ou clínica. Com certeza, um médico não iria clinicar no bar da esquina, ou em meio a um restaurante, assim como seria pouco provável que um músico viesse a tocar em um determinado hospital ou maternidade. O que está em questão aqui não é a atividade em si mesma, mas o ambiente onde ela é geralmente executada. O ambiente no qual o músico trabalha é um ambiente geralmente rotulado como pernicioso e nocivo à moral pela maioria do setor evangélico da sociedade. Isto acontece pelo fato de haver em alguns desses lugares a presença de drogas, bebidas, e coisas do gênero. Todavia, gostaríamos de lembrar aos leitores de que o ambiente de trabalho de um músico não se restringe “única e exclusivamente” a lugares como os descritos acima. Existem outros ambientes sociais onde o músico pode exercer a sua profissão, tais como: concertos de música clássica, casamentos, recepções, etc.; os quais são desprovidos deste caráter pernicioso. Além disso, as drogas, bebidas, e coisas do gênero também estão presentes em outros ambientes de trabalho tais como: hospitais, na política, etc. Não é necessário ser músico para entrar em contato com a triste realidade do mundo a nossa volta. Vale a pena dizer que nem sempre o músico tem o privilégio da escolha. Em tempos de “vacas magras”, a fim de sustentar sua família (pois apesar da desatenção de muitos, sim! o músico também é pai de família, e como tal possui muitas possibilidades) ele pode vir a ter que tocar em ambientes que não são de sua preferência pessoal, o que não significa que por isso ele venha necessariamente corromper-se, ou coisa semelhante. A única diferença entre a música e as demais profissões é que ela vem sofrendo grande preconceito por parte da sociedade em geral por vários anos. O músico, graças a algumas questões culturais, carrega aquele estereótipo de bom vivan, o qual em hipótese alguma condiz com a realidade dos fatos. É aquela velha estória da preguiçosa cigarra que vivia a cantar o dia inteiro, enquanto que a valorosa formiga somente trabalhava. Há também o ditado que diz que Deus ajuda a quem cedo madruga. É um ditado “bonitinho” este, o único problema é que ele desconsidera os músicos e os guardas-noturnos, que trabalham durante a noite. Agora, um músico profissional cristão deve ser uma pessoa preparada para enfrentar ambientes como estes sem se deixar influenciar e, se possível influenciar aqueles que o cercam para que se aproximem de Deus. É aí que entra o papel da Igreja, não como elemento repressor, mas como aquela que há de prover ao músico o suporte espiritual e emocional para que ele seja luz no mundo e sal da terra, e faça diferença no meio onde vive. O músico, sempre é obrigado a ser uma benção na vida de seus irmãos, e raramente tem o privilégio e a oportunidade de ser abençoado por estes.
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Mto bom! Um post realmente necessário!
ResponderExcluirConsiderando que a análise é parcial, é boa a resposta do entrevistado, contudo, não me parece muito legal a afirmação:
ResponderExcluir"Aliás, depois da conversão já não deveria mais haver distinção entre aquelas atividades que são consideradas como carnais, e aquelas consideradas como espirituais."
Existe sim diferenças entre atividades... claro, há aquelas que são ilegais...
A discussão continua....
Po realmente foi infeliz a declaração da distinção entre coisas carnais e espirituais pois na verdade eh o queb faz toda a diferença na vida de um cristão, apesar disso acho que nosso irmão sábio joão Alexandre não dissa a tal frase no sentido em que pensamos...
ExcluirAcho precipitado afirmar que um músico cristão pode ou não tocar música secular ou trabalhar em ambientes como bares e tal. Cada caso é um caso.
ResponderExcluirPenso que cada pessoa tem uma estrutura e isso deve ser respeitado e até mesmo levado em consideração na hora de se decidir onde trabalhar seja a profissão que for.
Nós nos alimentamos daquilo que temos fome. Uma pessoa que se alimenta da Palavra e que tem seu coração cheio de amor por Jesus, com certeza, vai preferir ouvir, cantar e tocar sobre Ele. Não penso que seja errado ouvir/cantar/tocar música secular. Desde que a paixão pelas coisas do mundo, presente na maioria das canções seculares, não se tornem a nossa motivação.
Somos livres pra escolher o que queremos ouvir, cantar, tocar, ler, ver. Ser livre é saber que podemos escolher qualquer coisa, e mesmo assim, preferimos as coisas que agradam ao Senhor .
E ainda tem aqueles que não sabem separar as letras que edificam das que destroem, as que incentivam a violência, a sexualidade e tal. Nem todo cristão está apto a lidar com as duas coisas com maturidade.
“Cê” jura que realmente quer usar somente essas palavras citadas do livro como argumento? Rsrs.
Gosto quando vc faz um post que leva a gente a refletir. Valeu.
Graça e Paz.
@melizaaraujo
Abandonei a musica secular quando fui ao Senhor. Tive que trabalhar em alguns serviços que não desejava e esperei em Deus. Hoje trabalho em uma boa empresa, além de ministrar a musicos desde então. Acho sim, que o músico que realmente espera em Deus e é fiel a Ele, não precisará tocar para o mundo, onde através de seu talento estarão 'ministrando" a outros, mas não para a glória de Deus.Havia um amado irmão musico que havia saido da comunhão para tocar no mundo aqui em minha cidade e até gravou alguns cds com a banda ao qual tocava. No final de ano em um show deles aqui, ele me disse que o Senhor lhe mostrou o estado dos jovens no final de seu show, e lhe disse em seu coração: "Foi para isso que lhe dei este talento?".
ResponderExcluirEsse amado irmão voltou para a igreja, largou a banda e Hoje trabalha em um banco. Digo isto para a glória de Deus, pois sempre o confrontava quando o encontrava, por ele ter sido meu aluno ainda adolescente na pequena igreja do qual na época eramos membros. Sei que cada um tem o direito de escolher, mas penso que quando vamos ao Senhor, não temos mais vontade ou livre-arbitrio se assim posso dizer.
shalom a todos.
www.kairos-peace.blogspot.com
Sou músico e pastor.
Ao PR. Marcos P. Ramalho
ResponderExcluirA paz.
É muito prolixa a sua abordagem, pq vc segmenta a profissão do músico como se ela fosse diferente da de um arquiteto, pintor, engenheiro, policial, artista de desing, cineasta, Etc. Estas profissões tmb estarão a serviço do "mundo", ou não?
O grande ideal da Reforma Protestante era não fazer dicotomia entre o secular e o cristão, por isso os crentes faziam a "diferença" nas profissões que exerciam com a sua VIDA.
Claro que deve existir um bom senso, não só na profissão do músico, mas em todas - se inclusive, num emprego como bancário, caso ali ocorra corrupção ou mentiras, certamente este emprego deverá ser repensado, digo o mesmo para o médico, advogado, etc.
Se pode me dizer se existe alguma profissão cristã?
O tema realmente é complexo mas gostaria de acrescentar algo para meditarmos: Em se tratando das comparações que foram feitas com outras profissões eu pergunto: Usaria o arquiteto cristão seus conhecimentos para ajudar a construir uma câmara de gás para assassinar pessoas. Usaria o advogado cristão seus conhecimentos para livrar da cadeia alguém acusado de estupro que ele sabe que é culpado. Usaria o médico cristão seus conhecimentos para desenvolver uma técnica para mudar o sexo das pessoas. Se e eu digo se, a respostas para as perguntas acima for não, então talvez o músico cristão não deva usar o seu talento em lugares que a música é usada para favorecer coisas que desagradam a Deus, como bebedeira, fornicação e etc... estando sim limitado onde deve ou não o músico cristão atuar. O que vcs pensam disso?
ResponderExcluirAqui em baixo, na terra, tudo é da terra.
ResponderExcluirMúsica do céu, não é distiguida pela letra: deus... deus... deus..., há deus para todo gosto. Música do céu, só as que anjos tocal lá, no Céu.
O que importa é o vinho bom! E vinho bom ou ruim, não se fabrica em igreja.
É udo questão de escolha, eu escolho adorar a Deus e somente a ele o dom de cantar veio dele .. e eu devolvo somente a ele .... por que eu vivi neste meio cantei no secular durante muitos anos e vi famílias se destruindo enquanto eu cantava, jovens se drogando, vidas se perdendo e eu creio que um homem de Deus não participa disso. Infelizmente na igreja hoje acontecem muitas coisas de se envergonhar mais isso não é motivo para que tudo seja liberado, e que tudo pode, a cantar em um bar pode por que eu sou livre.... sim eu sou livre mais a liberdade que Deus me da não pode ser usada para que eu venha ser infiel a Ele..... do mesmo jeito que a liberdade que o governo te da não pode ser usada para vc assaltar alguém ....
ResponderExcluirpode um médico operar depois de tomar um porre, pode um bêbado dirigir um carro? pode um cantor( levita ) evangélico ministrar após ter cantado palavras de mal grado, ter participado de um jeito ou de outro de um impulsionamento para que alguém se embriagasse, se drogasse e etc?
pra mim não, pra mim não tem como.
mais cada um tem a sua opinião e pra mim tudp é questão de escolha
João Alexandre é conhecido como um "artista" polêmico por suas letras e declarações bombásticas. Ele fala isso porque não é Pastor e não tem de cuidar de irmãos que, mesmo bem ministrados pela Palavra de Deus e aconselhados, deixam-se escapar pelas influências do mundão. Uma pergunta que se deve fazer também: As músicas seculares sejam clássicas ou populares, mesmo falando de Deus e de coisas espirituais que não sejam para a Glória de Deus devem ser cantadas e executadas pelos cristãos? Que tipo de compromisso com Deus têm aqueles que compõem músicas seculares? Quais as fontes inspiradoras onde bebem esses compositores? Essas músicas são realmente para a Glória de Deus? Edifica? É lícito? Convém? Tenho um Ministro de Louvor em minha Igreja que é remunerado e sustenta sua família com dignidade, adorando a Deus com seus dons e talentos e não precisa "tocar na noite" em bares e boates e pubs embalando o pecado de centenas de pessoas. Por outro lado, meus colegas Pastores precisam abrir os olhos para os adoradores que são músicos em suas Igrejas. Se a Igreja tem condições de mantê-los e tê-los tempo integral no Ministério, porque não fazer? Porque não utilizar os dons e talentos dos músicos de suas Igrejas e montar uma escola de música e abençoar crianças, jovens e adolescentes? É irmãos, tem muito crente publicando na mídia muita bobagem! Prefiro os con ceitos da Palavra de Deus. Prefiro agadar a Deus do que a homens. Espero que o texto do irmão JA não desencadeie uma tragédia entre os adoradores e Pastores, pois se isso acontecer, certamente vai sobrar para o irmão JA também! Gostaria muito de entar no campo do debate teológico sobre esse assunto com JA. Finalmente, afirmo que um cristão verdadeiro não deve se envolver com músicas seculares usando seus dons e talentos embalando o pecado de muitos!
ResponderExcluirA paz Luciano,
ResponderExcluirnao se pode nivelar a profissão de músico por baixo. Muitos aqui só falam em ambientes promíscuos: bares onde há bebedice, festas onde há prostituição, etc.
Será que um músico cristão não terá um emprego digno acompanhando uma orquestra de câmara? Tocando ou produzindo um artista cuja sua temática não fira as convicções cristãs??
O que está posto é... a profissão de "músico" existe? Ou músico é só sinônimo de Levita?! ( que ao meu ver é uma invenção, pois se Levita ainda existe, quem é o sumo-sacerdote na eclésia?)
Pensemos!
Pastor Edilson,
ResponderExcluirsou totalmente a favor da sua colocação quanto a remunerar e dar assistência ao músico na Igreja. Mas não posso profanar a profissão de músico pq irmão A ou B teve experiências frustrantes com ela.
Afinal existe profissão cristã? Sou policial, e comumente trabalho em festas seculares fazendo a segurança dos foliões? É lícito o q eu faço? - Estou contribuindo com aquilo!!! Por que não dizem nada quanto a minha profissão?
sempre nivelam a profissão de músico por baixo. Muitos só falam em ambientes promíscuos: bares onde há bebedice, festas onde há prostituição, etc.
"Será que um músico cristão não terá um emprego digno acompanhando uma orquestra de câmara? Tocando ou produzindo um artista cuja sua temática não fira as convicções cristãs??"
O que existe é uma segmentação cultural quando a profissão de músico. Acho q o bom senso é algo que deve ser avaliado segundo 1Co 10,31; Fp 4.8, não só para a profissao de músico, mas para todas as profissões.
Eu penso que a Galera esquece a vontade de Deus, nenhuma folha cai da árvore se não for da vontade Dele, ser músico no meio secular não quer dizer que ele vá toca apenas em bares, eu não vejo o Serginho herval (Roupa nova) tocando em bares. Claro um cristão tem que estar bem firme para entrar nessa onda de tocar no meio secular para que não se corrompa pq ali ele vai ter que dar exemplo, afinal é muito fácil ser luz no meio da luz e ser sal no meio do sal. E outra pode ser que é através da vida desse músico que o restante da banda pd vir a se converter ou apenas alguns. Penso que o que deve ser respeitado é o músico profissional as pessoas que levam a música como profissão. Afinal nesses lugares que foram citados independente de ter ou não musica ao vivo ou soltadas de aparelhos de som a galera vai beber, fornicar e etc....
ResponderExcluirSe as igrejas fizessem a parte delas,assalariando os músicos,criando oportunidade de crescimento ,como orquestras,big bands,concertos,etc...Os músicos cristãos não precisariam exercer sua profissão fora do ministério(o que não é algo para se condenar).
ResponderExcluirbom dia !
ResponderExcluiracho que a questão não é se deve ou não deve exercer a profissão, mas sim se deve haver o jugo sobre os músicos.
deve se ter respeito pelas opções feitas e não julgar sem saber o que se tem no coração destes, ou o tamanho da fé.
dizer que trabalhar em um banco e mais digno do que tocar em um restaurante ou em uma empresa de casamentos.
instituição essa onde você guarda, conta, administra, faz aplicações com dinheiro de ladrões, lobistas, agiotas, traficantes e o mais engraçado fazer render o lucro dos bares, restaurantes, casas de festa...etc.
onde se o musico for tocar e julgado...e condenado..
esse e só um exemplo de milhares de profissões que estão ligadas a atividades sociais e culturais.
algumas diretamente ligadas como :
garçom
cozinheiro
segurança
recepcionista
manobrista
técnico de som
proprietários de som, palco,iluminação
donas de salão de beleza
cabeleireiros
manicure
barbeiro
donos de loja de vestuário para festas e roupas intimas
os policiais, bombeiros, médicos, enfermeiros e socorristas (que fazem a segurança de festas de rua tipo carnaval para que tudo aconteça na paz).
outras indiretas como :
contador
bancário
órgãos públicos tipo prefeituras e governos estaduais que financiam essas festas.
estúdios
gravadoras
gráficas
empresas de publicidade
empresas privadas que patrocinam esse eventos.....
nos músicos não vendemos drogas e bebidas alcoólicas e não agenciamos sexo.
só tocamos...
todos os profissionais que trabalhão em algum segmento acima não fazem isso também...mas não seriam cúmplice por saber que a empresa que trabalha participa indiretamente ..como no caso dos músicos.
o respeito a profissão, a escolha e a fé tem que ser o mais importante.
Se Deus o tocou ou se a pessoa não se sente bem tocando a noite temos que respeitar
do mesmo jeito que o cristão que toca a noite por profissão, que já passaram por julgo e Deus falou com ele “que de a sua família o sustento ou que o trabalho dignifica o homem”.
essa e uma opinião de muitos e muitos músicos cristãos e vamos tentar respeitar.
E deixar o julgamento para Deus