sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Crente, Cristo e a Criatividade

Por Antognoni Misael
A igreja como um organismo vivo, composto por diversas pessoas com diferentes dons e talentos, contém em sua estrutura normal um ambiente propício a criatividade. Embora sendo isso um fator favorável, não nos garante resultados reais na vida comum da igreja.
A contextualização da igreja de Deus é algo imprescindível para o alcance da comunidade, e para isso é necessário fazer-se uso das mais variadas formas de arte – e quando menciono a arte, refiro-me a toda capacidade de improvisar, impressionar e criar.
A Bíblia nos mostra em Gênesis 2.19 que Deus se agradava dos atos criativos de Adão, e com certeza se agrada dos nossos. Sendo assim, advirto aqui a necessidade da igreja institucional abraçar a ideia de incentivos na área da música, teatro, artes plásticas, literatura, quadrinhos, dança, como também na vida pessoal. Estas áreas, embora aparentemente não propondo algo de espiritual, trazem em seu meio a possibilidade de aproximação da igreja com a comunidade, seja em amostras, exposições, e em seu fim, a adoração a Deus em muitos aspectos da vida, e detalhe, com excelência.
Incomoda-me notar obras de arte de boa qualidade em seus aspectos técnicos na arte secular em detrimento de obras medíocres representadas pela arte cristã. Penso que como filhos da redenção deveríamos buscar mais capacidade de expressar nossa criatividade do que os que são apenas filhos da criação.  Acontece que é mais fácil se anular culturalmente e apenas limitar-se em reproduzir o que a Indústria evangélica propõe em termos de “arte”, em troca de investir tempo, estudo, e dedicação a serviço da igreja. “Uma igreja que não cria, anula sua própria identidade e criatividade”.
Quero deixar claro que não refiro somente a criatividade como geradora de um produto de arte, mas também como um “modo de ser” partindo numa perspectiva de constante diálogo com o meio, com próximo e consigo mesmo. Uma pessoa que se empenha, por exemplo, em ser mais criativa lendo um bom livro, assistindo um bom filme, escutando uma boa música, (requisitos estes abalizados em Filipenses 4.8) com certeza terá bons recursos para lidar com a sociedade e glorificará a Deus com sua vida.
Jesus em seu ministério usou muito da criatividade. As palavras mais conhecidas Dele tornaram-se importantes por aquilo que chamamos de técnicas literárias. No Sermão do Monte Ele usou o aforismo (“Onde está o teu tesouro aí estará o teu coração”, Mt 6.21), a anáfora (a repetição de “Bem-aventurados os”, Mt 5.3-11), a metáfora (“Vós sois o sal da terra”, Mt 5.13), a personificação (“O amanhã trará seus cuidados”, Mt 6.34, a analogia (“Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis”, Mt 7.19-20), e a hipérbole (“Hipócrita! Tira Primeiro a trave do teu olho”, Mt 7.5). Claro que Jesus não dependia de técnica alguma, mas mesmo assim, tornando-se homem como nós, fez questão de ser tão humano que se apropriou da criatividade inerente ao meio.
Um organismo criativo gera pessoas melhores em seus aspectos sociais e culturais, gera o engrandecimento do reino em qualidade, em destreza e em habilidade naquilo que executam. Logo, pessoas criativas tornam-se adoradores dinâmicos.
Posso até trazer nesse artigo um pouco de utopia, mas oro para que possamos oferecer a Deus nossa criatividade nas diversas manifestações das artes, nos relacionamentos de família ou com os amigos, nas horas de lazer, no tédio do dia-dia, no ambiente de trabalho, enfim, penso que ser criativo tem tudo haver com ser alegre, contagiante, pensante, inteligente, diferente. Que isso seja uma realidade na nossa igreja.

***

Por Antognoni Misael.

Nenhum comentário:

Postar um comentário