Por Augustus Nicodemus
O movimento de “batalha espiritual” ensina a necessidade de se quebrar maldições hereditárias e de se anular compromissos que ficaram pendentes com o diabo, mesmo após a pessoa ter sido convertida a Cristo. Ensina-se que herdamos as maldições que acompanharam nossos antepassados, por causa de seus pecados e pactos demoníacos, e que precisamos anular estas maldições hereditárias.
Um dos textos usados para defender este ponto é Êxodo 20.5, onde Deus ameaça visitar a maldade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração dos que o aborrecem.
Entretanto, ensinar que Deus faz cair sobre os filhos as consequências dos pecados dos pais, é só metade da verdade.
A Escritura nos diz igualmente que se um filho de pai idólatra e adúltero vir as obras más de seu pai, temer a Deus, e andar em Seus caminhos, nada do que o pai fez virá cair sobre ele. A conversão e o arrependimento individuais “quebram”, na existência das pessoas, a “maldição hereditária” (um efeito somente possível por causa da obra de Cristo). Este foi o ponto enfatizado pelo profeta Ezequiel em sua pregação ao povo de Israel da época (leia cuidadosamente Ezequiel 18).
Através do profeta Ezequiel, Deus os repreendeu, afirmando que a responsabilidade moral é pessoal e individual diante dele: “A pessoa que pecar, é ela quem morrerá — não o seu pai ou a sua mãe” (Ez 18.4b, 20). E que pela conversão e por uma vida reta, o indivíduo está livre da “maldição” dos pecados de seus antepassados, ver 18.14-19. Esta passagem é muito importante, pois nos mostra de que maneira o próprio Deus interpreta (através de Ezequiel) o significado de Êxodo 20.5.
Aplicando aos nossos dias, fica evidente que o crente verdadeiro já rompeu com seu passado, e com as implicações espirituais dos pecados dos seus antepassados, quando, arrependido, veio a Cristo em fé.
Tem mais. O apóstolo Paulo nos esclarece que o escrito de dívida que nos era contrário, a maldição da lei, foi tornado sem qualquer efeito sobre nós: Jesus o anulou na cruz (Cl 2.13-15; Gl 3.13). Ou seja, toda e qualquer condenação que pesava sobre nós foi removida completamente quando Cristo pagou, de forma suficiente e eficaz, nossa culpa diante de Deus. Ora, se a obra de Cristo no Calvário em nosso favor foi poderosa o suficiente para remover de sobre nós a própria maldição da santa lei de Deus, quanto mais qualquer coisa que poderia ser usada por Satanás para reivindicar direitos sobre nós, inclusive pactos feitos com entidades malignas, por nós, ou por nossos pais, na nossa ignorância.
Basta um estudo simples nas Escrituras, da linguagem usada para descrever nossa redenção, para que não fique qualquer dúvida de que o crente, à semelhança de um escravo exposto à venda na praça, foi comprado por preço, e que, agora, passa a pertencer totalmente ao seu novo senhor. O antigo patrão não tem mais qualquer direito sobre ele, como rezava a legislação romana da época. Assim, Paulo diz que fomos comprados por preço (1 Co 6.20; agorazo, comprar, redimir, pagar um resgate — termo usado para o ato de comprar um escravo na praça, ou pagar seu resgate para libertá-lo), e que sendo agora livres, não devemos nos deixar outra vez escravizar (1 Co 7.23). Fomos resgatados (lutrou) pelo precioso sangue de Cristo (1 Pe 1.18; cf. Ap 5.9).
Em resumo: “se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas antigas passaram: eis que se fizeram novas”. Não há nenhuma maldição que Cristo já não tenha quebrado na cruz e que não tenha já sido desfeita na hora da conversão (novo nascimento). O que os crentes precisam é santificação, e não quebra de maldição, para crescerem mais em mais no conhecimento de Deus e no serviço dele.
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Texto publicado via Facebook de Augustus Nicodemus.
Você já leu: "O castigo de Geazi" (2 Reis 5.20-26), quando ele vai contra a palavra do profeta e corre atrás das riquezas e recebe lepra. Eliseu profetiza isso: "Pois isso a lepra de Naamã atingirá você e os seus descendentes para sempre."
ResponderExcluirOu então leu: "O castigo de Davi" (2 Samuel 13 a 2 Samuel 18), quando ele adultera e mata um homem inocente e depois toma sua esposa como mulher. O Senhor disse: "De sua própria família trarei desgraça sobre você. Tomarei as suas mulheres diante dos seus próprios olhos e as darei a outro: e ele se deitará com elas em plena luz do dia. Você fez isso às escondidas, mas eu o farei diante de todo o Israel, em plena luz do dia." E mesmo quando Davi se arrependeu, o profeta disse: "...Entretanto, uma vez que você insultou o Senhor, o menino morrerá." E depois vemos no decorrer da história que tudo o que Deus disse, não só do menino, mas toda as outras desgraças, aconteceu.
Ou você leu: "Os gibeonitas são vingados" (2 Samuel 21), aonde Saul, numa tentativa louca de matar os Gibeonitas - povo que fez um acordou com Israel no tempo de Josué -, trouxe desgraça para Israel nos tempos de Davi. Uma fome que durou três anos. Deus disse que 7 homens descendentes de Saul deveriam morrer para que a ira passasse. E assim foi.
Ou então quando Davi faz um recenseamento - tentado por Satanás - e acaba que Deus se ira e mata muitos dentre Israel, sem que o povo tivesse culpa no meio. (Samuel 24).
Todos são provas de uma maldição decorrente de um pecado. Sempre Deus alertou que se o povo se desviasse dEle, então eles sofreriam as consequências de sua própria ação. Muitas vezes os filhos não tiveram culpa direta na ação, mas recebem. Caso de Adão e a humanidade. Isso é maldição hereditária, coisa que é ignorada por muitos. Você não está errado em dizer que não a maldição para os que estão em Cristo, mas está errado em dizer que não existe maldição hereditária. Se você conhecesse sobre Batalha Espiritual e não somente conhecesse, mas vivesse, entenderia que o mundo espiritual influência o mundo material.
Estude sobre maldição hereditária e tente enxergar o ponto de vista dos outros e não só o seu, porque não quer dizer que só porque é dos outros, não é bíblico. Maldição hereditária se quebra quando a pessoa aceita Jesus através do arrependimento e clama para que Ele mude sua história. Se você não acredita nisso, converse com pessoas que viveram isso. E se precisar de mais alguma coisa, me envie um E-mai.
O problema exposto é justamente o contrário do que se propõe explicar, Lucas. No texto do Nicodemus fica claro que o foco em que estas supostas "quebras de maldição" são usadas é em pessoas que já se manifestaram, arrependeram e se entregaram a Cristo, e portanto, nenhuma maldição prevalecerá por causa de Cristo. No entanto, o que vemos são os proponentes da guerra espiritual expondo os crentes a uma libertação desnecessária, e o pior, herética!
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