domingo, 20 de abril de 2014

Voando na gaiola

1985, a palavra liberdade flui dos lábios selados por 21 longos anos. A expressão de pensamentos e ideologias vão ser novamente bradadas aos quatro ventos, tudo isso somado com alívio político e esperança social. Toda essa exasperação é embalada ao som de Cazuza, no primeiro Rock in Rio, Pro dia nascer feliz.


Bom, mas o que isso tem a ver com o tema a ser abordado? foi o que minha esposa perguntou em tom irônico e desconfiado.


O tema principal talvez seja o sentimento de liberdade em um ''país-igreja'' escravo. Grande avanço já tivemos? Isso é bem verdade. Muito ainda vamos ter? Isso depende do ponto de vista.


Afinal, de qual liberdade estamos falando? Será que liberdade é mesmo tudo?


Presos comemoram banho de sol, escravos celebram o fim do dia e trabalhadores o horário de almoço. São como nós, nos vislumbramos com a liberdade de falar e pensar, estando presos na libertinagem do pensar e falar.


A grande verdade é que nascemos presos em nossos delitos e pecados, fomos gerados assim, escravos do pecado adâmico, o livre arbítrio não nos livrou na verdade de nada, mas nos imergiu em um complexo e profundo mundo de pecado distante de Deus. O que falo não é coisa nova, Lutero publicou seu primeiro texto, discutindo esse assunto, em 1525 (A Escravidão da Vontade).


A liberdade é umas das melhores coisas que um ser vivo pode ter ou almejar, pergunte isso ao carcerário, ou abra a gaiola de um pássaro. Porém, o que quero alertar é o perigo inerente a ela. Ou melhor, as consequências dessa pseudo-liberdade na igreja moderna.


Em tempos hodiernos, a grande palavra nas canções dos movimentos evangélicos é Liberdade, Sou livre pra pular, livre pra dançar, a liberdade será a canção do meu coração e por ai vai. As vezes isso tudo bagunça a nossa concepção de liberdade e qual liberdade foi conquistada na cruz.


Não fomos livres pra fazer o que nos vem à mente, muito menos pra ir onde queremos, mas ao ganhar a liberdade da morte, causada pelo pecado, rasgamos nossa carta de alforria e nos entregamos a um novo senhor de escravos. Ele, porém, não poderia ser melhor Senhor. Somos escravos de Cristo!


A falsa liberdade tem sido embalada em nosso meio pela tão antiga e desapercebida vaidade. Liberdade no vestir, liberdade no comportamento, afinal , cada um tem seu jeito, seu estilo. O que poucos querem é se moldarem ao jeito e ao estilo de cristo, que é a simplicidade e humildade. A moda tem lugar certo nos cultos, chegando até ao púlpito. Mas o que é a moda se não a ditadura do mundo sobre nossas vontades, pensamentos e gostos. Qual a nossa ideia de belo hoje se não o que a moda prega?! Muitos estão completamente cegos, desapercebido e escravos desse cruel senhor "Mundo"!


Uma grande mentira tem se instalado contrapondo romanos 12 : A conformidade geral legaliza más atitudes.


Erroneamente também tem se crido: Tudo é lícito e "tudo me convém". A conveniência virou parâmetro de vida. De repente, as coisas se tornam lícitas por nos convir, quando os pensamentos supremos de Deus sobre nós não tem licitude.


A pior prisão é a falsa liberdade, pois nela não há força para quebrar grilhões. Achamos que estamos em um país democrata e não lutamos para que de fato o seja; Estamos em uma igreja liberta e não buscamos para que de fato seja. É bem verdade que temos grande tendência ao desacerto, mulheres conquistando alvedrio cada vez mais se parecem com os homens presos à imoralidade, jovens querendo ser livres, se aprisionam nas drogas, pais querendo ter liberdade prendem seus filhos nos vícios midiáticos e por ai vamos nós, enclausurando a liberdade nos dada de Graça.


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O texto é de Natan Viana Mota, colaborador do Arte de Chocar.

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