terça-feira, 1 de julho de 2014

VOTAR COMO UMA ÁGUIA E PROTESTAR COMO UM CORDEIRO


Entre as frases que se tornaram famosas nas manifestações do ano passado, há uma que procura ressaltar a importância do voto consciente: "não adianta protestar como leão e votar como jumento".

Votar bem pode mudar o destino do país. Através dessa arma democrática podemos banir da vida pública homens sem alma e dar oportunidade de governar a homens de espírito público e competentes.

Votar como jumento, portanto, é a jumentice que destrói o país. O oposto, contudo, não pode ser esquecido por nós: "de que vale votar como uma águia e protestar como um cordeiro".

É jumentice também esquecer que o poder corrompe, podendo levar à bancarrota moral homens que entraram na vida pública movidos por bons ideais. É possível este ser engolido pelo sistema, passando a viver em função da sua perpetuação no poder.

Outro dia encontrei um senador no aeroporto de Brasília, que me disse a seguinte coisa: "Assim que cheguei ao Senado Federal, um político experiente falou para mim: 'para chegar ao poder precisamos do povo, mas para permanecermos nele precisamos do capital'. Descobri, na vida política, que o Brasil está nas mãos de 5 mil famílias ricas, que detém mais de 60% da riqueza nacional".

Não sei como ele chegou a essa conclusão. Mas, é certo que ele está falando em parte a verdade. O lobby do rico no Congresso Nacional é poderosíssimo. No Judiciário e no Executivo não é diferente.

O que estou querendo dizer? Precisamos votar com profundo sentimento cívico, ao mesmo tempo, entretanto, compreendendo que sem controle social o poder sempre servirá ao poder.

Estar nas ruas como leão, o que não significa necessariamente cometer atos de selvageria, é uma das formas mais eficazes de combate ao caráter corruptor do poder.

Antônio C. Costa

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Fonte: Palavra Plena.

Um comentário:

  1. Perfeito. Tenho lido muito ultimamente que "lugar de protesto é na urna" - falácia! O voto tem que ser consciente sim, mas a consciência não deve parar aí. Reivindicar é preciso.

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