Por Antognoni Misael
Recentemente algumas declarações do então Secretário de Cultura do Estado da Paraíba geraram embrulhos de mal estar na galera do "plastic forró descartável". Afirmando que seu compromisso é com a cultura e não com o mercado, e reiterando a importância de um resgate cultural da arte paraibana, Chico César fez relembrar nas diversas entrevistas que concedeu que tais bandas de sucesso (Aviões do Forró, Forró Pegado, Garota Safada, etc.) recebem altos cachês de governos e prefeituras - valor até 10 vezes superior a uma atração de qualidade na música brasileira -, e em seguida se vão com a grana do povo, restando para a cidade apenas latas de cervejas a serem recolhidas.
Pois é, o público do "plastic forró descartável" não gostou nada, e insinuou que o secretário agiu com intolerância.
Veja na íntegra o que Chico replicou:
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“Tem sido destorcida a minha declaração, como secretário de Cultura, de que o Estado não vai contratar nem pagar grupos musicais e artistas cujos estilos nada têm a ver com a herança da tradição musical nordestina, cujo ápice se dá no período junino. Não vai mesmo. Mas nunca nos passou pela cabeça proibir ou sugerir a proibição de quaisquer tendências. Quem quiser tê-los que os pague, apenas isso. O Estado encontra-se falto de recursos e já terá inegáveis dificuldades para pactuar inclusive com aqueles municípios que buscarem o resgate desta tradição.
São muitas as distorções, admitamos. Não faz muito tempo vaiaram Sivuca em festa junina paga com dinheiro público aqui na Paraíba porque ele, já velhinho, tocava sanfona em vez de teclado e não tinha moças seminuas dançando em seu palco. Vaias também recebeu Geraldo Azevedo porque ele cantava Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro em festa junina financiada pelo governo aqui na Paraíba, enquanto o público, esperando a dupla sertaneja, gritava "Zezé cadê você? Eu vim aqui só pra te ver".
Intolerância é excluir da programação do rádio paraibano (concessão pública) durante o ano inteiro, artistas como Parrá, Baixinho do Pandeiro, Cátia de França, Zabé da Loca, Escurinho, Beto Brito, Dejinha de Monteiro, Livardo Alves, Pinto do Acordeon, Mestre Fuba, Vital Farias, Biliu de Campina, Fuba de Taperoá, Sandra Belê e excluí-los de novo na hora em que se deve celebrar a música regional e a cultura popular”.
Secretário de Estado da Cultura – Chico César
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