Esta semana andei passeando no campo das ideias e descobri a mais pura verdade: “Não quero ser como Jesus”. Alguns podem se perguntar, “ser como Jesus é algo desapontador, triste, angustiante, inviável? Não é isso que estou falando.
Na verdade se você for bem honesto consigo mesmo vai notar que realmente gosta Dele, admira seus feitos, sua história, seus exemplos, sua humildade, mas afinal, pense, você quer ser tão humilde assim?
Romantizar a vida de Cristo é fazer da vida uma arte, mas não significa vivê-la na íntegra. Muitos enchem a boca de alegria e os olhos de lágrimas para falar de Jesus, mas muitas das vezes isso acontece somente no campo das ideias. De fato, imagino aquela linda cena de Cristo lavando os pés dos discípulos, e reflito, “é isso realmente que quero fazer com as minhas mãos?” Essa é a minha pretensão de vida? Lembro do que Ele disse, “não tenho onde reclinar a cabeça”, e logo me recordo que a instantes atrás gastei uma hora pesquisando preços de ar condicionados, enquanto muitas vezes não gasto uma hora para falar com Ele. Desculpem colegas, não sei se vocês realmente estão dispostos a ser como Jesus, eu particularmente não tenho a mínima condição. Afinal, preciso de uma “mãozona” pra seguir os Seus passos de vida.
Os momentos de culto no templo ultimamente estão se tornando os piores momentos com Ele. Mentimos cantando dizendo que O amamos, que Ele é tudo em nossas vidas, que o nosso melhor damos a Ele, e o pior, além disso, o que muito me chateia, personificamos frases vazias que geram muito efeito na hora o ápice "mantral", mas depois, não garantem nenhum compromisso com a praticidade: “estou apaixonado”, "quero te abraçar", “quero deitar no teu colo”, “me desesperar por ti”. Poxa, quem inventou esse romantiquês espiritual? Pessoal, muitas vezes temos a incapacidade de dizer “me perdoe” a alguém próximo, mas adorarmos dá "um brado de vitória", ou também quando ouvimos algo de favorável pra nós tipo, “hoje o seu milagre vai chegar”, “chegará a tua vez”, “Deus vai restituir duas vezes mais o que o diabo te levou”, etc.
A igreja deixou de ser o local de quebrantamento, humilhação, reconhecimento, confissão de pecados, adoração, para se tornar apenas uma performática admiradora de Jesus e uma consumidora de Seus feitos materiais. Hoje a regra é falar e cantar o que o povo quer ouvir, não o que precisam ouvir. É lugar de bênção, vitória, bem estar, auto-ajuda, entretenimento.
Gente, (agora trazendo minha reflexão àqueles que admitem a pequenez de ser fraco e doente) precisamos andar como Ele andou, e isso é muito sério. Muitas vezes queremos andar perto Dele, às vezes dando aquelas escapadinhas, outras vezes fazendo nossos supérfluos pedidos, ou apenas sendo somente um “porta-voz” e não um “porta-vida”. Andar como Ele andou é mais profundo. "Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar como ele andou." (I João 2: 6). E andar com Jesus me faz lembrar da sua vida, seus exemplos, sua humilhação, seu sofrimento, sua alegria, sua ousadia, sua compaixão, seu perdão, seu amor, sua dor, sua cruz e sua morte.
Por fim, quando entendermos que Jesus não é um grande Salvador digno de admiração, mas um modelo a ser seguido e vivido, quando deixarmos de mencionar a sua vida de servidão como algo espetacular e passarmos a viver ajoelhando-se diante do nosso próximo e lavando-lhes os pés, e quando passarmos a andar de fato como Ele andou e não apenas a andarmos perto Dele, enfim poderemos dizer que simplesmente seguimos a Jesus.
Peço a Deus forças para ser como Jesus foi, mas confesso que nos meus atos eu continuo dizendo: Não quero ser como Jesus.
Que a graça de Deus nos alcance a cada dia.
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