quarta-feira, 9 de maio de 2012

Alice no país dos Evangélicos

Por Jofre Garcia
Sempre houve a busca por um mundo alem da realidade.

Filósofos, escritores, idealistas, poetas e principalmente sonhadores, em todos os tempos criaram mundos fantásticos como uma fuga de uma realidade dura e pouco agradável. E assim, somos convidados a lúdicas viagens nas aventuras de Gulliver, na solidão oceânica de Robinson Crusoé, no mundo teológico – mitológico das Crônicas de Nárnia, nas extraordinárias aventuras recheadas de ciência de Julio Verne ou mesmo no realismo fantástico de Gabriel Garcia Marques.

Alem destes, há um em especial que se fixou no imaginário de gerações por suas particularidades e fantasiosas narrativas: Alice no país das maravilhas, de Lewis Carol.

Sua trama bem construída e sua vertiginosa seqüencialidade deixam o leitor cativo ao desenrolar do texto e vivendo sua irrealidade.

Ao contrário dos sonhos utópicos e dos devaneios imaginativos dos homens, a Bíblia nos trás a realidade injetada na perspectiva de Deus, onde todas as eras e tempos e histórias convergem para aquEle que É.

A Palavra de Deus é a verdade real para o homem.

O que me chama a atenção em nossa geração é a fantasiosa realidade anunciada pelos ditos evangélicos. A megalomania tomou o lugar que antes era ocupado pela humildade, o antropocentrismo substituiu a cristocentricidade, o pão nosso de cada dia foi usurpado pelo meu milhão diário e a vida real e prática do Evangelho foi transformada em fantasia de auto – ajuda, com uma perigosa mensagem alienante que beira o fascismo.

Os ensinos, as mensagens, as expressões e até a musicalidade foram impregnadas pela mania de grandeza, sucesso e boa vida estampadas como marcas que testificam uma experiência com Deus que lhe garante status especial com o Criador.

Vejo pessoas humildes, carentes. Gente que em geral luta para sobreviver numa sociedade de consumo, perversa e degradante, embarcando nos sonhos criados por pregadores e cantores, que desfilas seus paletós de grife, seus carrões e relógios dourados. Elas (as pessoas) são estimuladas a contribuir visando um retorno garantido e rápido para que possam fazer parte do grupo dos ávidos consumidores do que perece e desvanece.

O ódio é estimulado, com base na vitória trazida por “deus” que o faria envergonhar seus inimigos e expô-los a vergonha e derrota. Por isso as canções do ódio fazem tanto sucesso, propondo o oposto ao amor exigido por Cristo, até mesmo com os seus inimigos.

Vejo e ouço: que o mar vai se abrir o sol vai parar, andar por sobre as águas, etc. E como Alice perseguindo o coelho num mundo que não existe, prosseguimos diante de um “evangelho” feito de delírios e amedrontador de um mundo de bênçãos inexistentes.

N’Ele, a realidade de Deus para o mundo.

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Jofre Garcia Luna é teólogo, radialista, blogueiro que edita o Auxílio do Alto, e faz coluna aqui no Arte de Chocar.

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