Ele foi um dos maiores compositores da música cristã brasileira, senão o maior. Com mais de 500 músicas compostas, muitas ainda inéditas, consagrou-se como um dos principais autores do gênero.
A voz, de timbre grave inconfundível, e o estilo de tocar, cheio de leveza e arte, eternizaram músicas inspiradas na Palavra de Deus e repletas de sensível poesia. Autor, compositor e poeta, ele tinha uma mente privilegiada e o coração sedento por comunhão com o Senhor e com o Evangelho que abraçou, testemunhou e divulgou.
Assim foi Sérgio Pimenta. Há exatos 20 anos, em 1987, Sérgio partiu para a glória do Senhor, vítima de um câncer agressivo e fulminante. Tinha apenas 33 anos – mas nenhum outro músico cristão produziu legado tão extenso em tão pouco tempo de vida. Sérgio, nascido em 1954 no Rio de Janeiro, era filho do médico e militar Silas Pimenta e de dona Ilza.
Por influência do pai, também seguiu carreira nas Forças Armadas. Ainda moço, fez parte da primeira geração de compositores cristãos com grande repercussão nacional – nomes como Guilherme Kerr Neto, Paulo César da Silva, Jayrinho Gonçalves, Wolô, Aristeu Pires e Artur Mendes, entre outros.
No fim do regime de exceção e início dos anos 70, vivíamos com experimentações e desafios dentro e fora da Igreja. O Brasil via seus artistas seculares serem perseguidos pelo poder. Mas foi justamente o trabalho de compositores como Chico Buarque, Elis Regina, Gilberto Gil, Milton Nascimento e Caetano Veloso que alimentou uma época de efervescência criativa.
Sérgio, com sua pele negra e legítimo representante da herança rítmica africana, trazia essas referências inconfundíveis em sua música.
Pérolas – Sérgio Pimenta foi presença obrigatória nos álbuns do ministério Vencedores por Cristo.
Quico Fagundes, excelente violonista brasiliense e amigo de Pimenta, descreve: “Eram jovens talentos brasileiros, músicos de excelente qualidade. Foi um time de conspiradores, digno das maiores inconfidências, que mudou o perfil da música cristã no Brasil”.
Entre os tais conspiradores, Sérgio Pimenta dava vazão à sua genialidade e espiritualidade com canções inesquecíveis, como Cada instante, Você pode ter, Pescador, Tanto Amor e Resposta certa, para citar apenas uma fração de sua grandiosa obra.
Entre tantas pérolas, o artista participou de trabalhos memoráveis. Um deles foi o grupo Semente, no qual atuou por sete anos, deixando rico acervo de históricas produções como os álbuns Plantando a semente, Fruto da semente e Criação.
Marcou também presença no LP De vento em popa, lançado pelos Vencedores em 1977 – há três décadas, portanto – e considerado, com inteira justiça, o marco que mudou os rumos da música cristã brasileira.
Sérgio não abria mão de ritmos tipicamente brasileiros, como samba, baião, valsa, seresta, chorinho e frevo. E deixou fortes influências, reconhecida por outros músicos cristãos de expressão que gravaram composições suas, como Wanda Sá, Jorge Camargo, João Alexandre e Gerson Ortega, além do Quarteto Vida e da Cia de Jesus.
Sérgio Pimenta também deixou preciosa herança familiar: seus filhos Renato, hoje com 23 anos e publicitário, e a dentista Juliana, de 21, fruto de sua relação com Sonia Dimitrov, uma descendente de búlgaros com a qual casou-se em 1982. Embora mal tenham convivido com o pai –
Juliana ainda era bebê quando Sérgio morreu – os dois também são músicos. Ao iniciarmos o trabalho CRISTIANISMO HOJE, nada melhor do que reconhecer sua vida e arte, e lançar o apelo para que sua incomparável obra jamais seja deixada de lado.
Nelson Bomilcar é músico, compositor, escritor e pastor.
Trabalha com o Instituto Ser Adorador (www.seradorador.com.br)
e apresenta o programa Sons do Coração, pela Rádio Transmundial
e pela internet (www.transmundial.com.br )
É membro do Conselho Editorial da W4 Editora
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