Lembro-me, de quando ainda pequenino, de terem encucado na crença de alguns irmãos das comunidades locais, que a televisão era coisa do capeta. Naquele tempo houve uma espécie de "moda" de rejeição ao aparelho. Muitos o venderam, alguns abandonaram, e outros por pressão de alguns líderes nem chegaram a comprar com medo de algum castigo divino. A coisa não ficou só por aí, aconteceram várias campanhas de "limpeza espiritual" nos lares dos crentes; surgiu gente que dizia ter tido visão, sonho, cujo teor concluía que quem era o inventor da 'tela' era o próprio Diabo; outros, mais mirabolantes, diziam ter sonhado com o inferno e visto várias televisões por lá; e por fim, tinha também aqueles que, no primeiro instante, tendo resistido em jogar fora a telinha, disseram em seguida ter vistos imagens sinistras nela a noite enquanto a mesma permanecia desligada, e que portanto aquilo era um sinal de maldição, etc. e tal.
Vale salientar que no início dos anos 80, uma TV mesmo sendo preto e branco, era caríssima. Pra se ter a ideia, meus pais para poderem adquirir o primeiro eletrônico do tipo, tiveram que se desfazer de um imóvel, hoje avaliado em média, 100 vezes mais do que uma TV de boa qualidade.
Mas, diante de tanto rebuliço por causa de um simples objeto comum na residência da imensa maioria, recordo-me do dia em que esta ideia pairou no até então, tranquilo cotidiano de minha vida... ‘enquanto eu assistia “Chaves”, uma comitiva chegou na porta lá de casa, e após 'embriagarem' meus pais sobre a ideia da tal "TV do capeta", alimentada por líderes despreparados, aqueles “dedetizadores de pecados esquizofrênicos”, arrancaram da minha sala o meu 'cineminha' (ainda preto e branco) deixando a mim e minha família ouvindo rádio por mais de um ano. (quanta tristeza para uma criança que adorava ver desenho em preto e branco hein...rs)
Mas a minha redenção foi em 1992, quando meus pais perceberam a besteira que fizeram e compraram uma TV Sharp, 14 Polegadas, colorida. Foi nela assisti as Olimpíadas de Barcelona e onde escondido, várias vezes, pude morrer de rir assistindo "Os Trapahões".
O tempo passou, hoje aqueles irmãozinhos quem nem imagino quem sejam, mas que certamente viam diabo em hélice de ventilador, hoje devem andar de bem o mercado, consumindo a torta e a direita, com seus celulares sofisticados, com TV, internet, Facebook, etc. e tal. Alguns, creio, já livres de tanto "diabolismo", outros, quiçá, piores do que antigamente. Mas, algo tenho quase certeza, ambos adorariam ter nos dias de hoje uma TV gigante (LCD ou algo do tipo) na sala da casa.
Ou será que estou delirando demais?
Essa é minha história. Foi desta mesma forma. hoje em dia as igrejas tem canais de tv, telas dentro do templo e etc. o pecado era apenas antigamente, hj em dia mais não. (ia pra casa da vizinha assistir desenho escondido de minha mãe, que dizia que todos eles eram subliminares e coisas do diabo).
ResponderExcluirAhahah minha mãe escondia a Tv no guarda roupa!! Eu me lembro bem disso!
ResponderExcluirrsrsrs
Ainda bem q em casa a ficha caiu rápido, e logo meus pais entenderam que não era a TV que trazia o pecado pra dentro de casa, mas nós mesmo, quando não selecionávamos o que assistíamos.
Se bem que até hj se for a ferro e fogo, não dá pra assistir nada, nem propaganda! rsrsrs
Falando sério, os usos e costumes das igrejas antigas eram massacrantes, uma vez um pastor disse pra mim que quando eu usava jóias (um anelzinho que mal aparecia no dedo) e makeagem ( um gloss só pra dar um tapa no visu) Jesus me comparava as éguas do Faraó!
"Vc vê!! Vc ker ser comparada a uma égua minha filha!!?"
Com 14 anos, eu achei que fosse uma afronta, mas fui estudar pra ver, e no final das contas, fikei feliz, afinal as éguas do faraó, eram animais bem cuidados, prontas para a guerra, caras, tinham cuidadores especiais...
Então hj eu sou feliz com a comparação, mas na época eu chorei tanto, pq meu anel de estimação foi pro ralo!
Paciencia, mas pra mim foi um grande aprendizado, antes de confiar em tudo que te falam, busque conhecer o fundamento!