quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O Silas, a Gabí e o Evangelho inversamente proporcional ao que se vê por aí

gabimalafaiaÉ lamentável ver grande parte da nação evangélica se contentando com tão pouco. Bastou o Pastor Silas Malafia aparecer em uma das maiores emissoras nacionais e destilar sua ríspida fala em defesa da família tradicional, para que muitos cristãos sentissem, ao final daquele programa da Gabí, a sensação de terem sidos bem representados, ou quiçá, sendo menos plausível, a supérflua alegria provocativa como aquela tipo: “meu time venceu o time do meu vizinho”.


Não era essa a representação de igreja que eu, e muitos cristãos, almejávamos para o Brasil. Aliás, quem de nós precisa ser representado, senão por Cristo!


Exceções à parte - e relembrando algumas marcas de nossa história como evangélicos – , quem nunca soube que fomos (e ainda somos) reconhecidos por nossa hostilidade, intolerância, extremismo e segmentação. Que durante anos fomos (e ainda somos) mal ensinados sobre conceitos imprescindíveis como os de: igreja, adoração, mundo, secularismo, graça de Deus, missões, espiritualidade, etc. Ainda notemos também que, se culturalmente somos um país rico, ao mesmo tempo, apresentamos um nível paupérrimo em questões de leitura - vejamos que no Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (Pisa), dentre os 64 países avaliados, ficamos apenas na posição 53 - o que se reflete proporcionalmente em uma significante camada evangélica, em sua maioria, ignorante, “fantocheada”, perdida no tempo e no espaço, quase sempre à espera de um representante que supra todas as suas carências representativas, teológicas, espirituais, familiares, dentre tantas. Neste viés, não há dúvidas de que tal camada se torna vítima de pseudos-líderes, mas ao mesmo tempo irresponsável consigo mesma, quando tem a oportunidade de ser alertada, mas omite-se a pensar.


Quanto pesquisamos a história da igreja evangélica no Brasil (e aqui não tenho intenção de historicizar) ficamos bastante entusiasmados ao notar a provisão de Deus ao enviar missionários comprometidos com a pregação do evangelho em nossas terras. Contudo, com o passar dos anos, a tentativa de europeização eclesiástica, partindo desde os formatos dos cultos, liturgias, costumes, indo até as arquiteturas de igrejas, davam sinais de que a igreja no Brasil sofreria alguns problemas relacionados ao aspecto cultural. Mas o pior ainda estava por vir. As estranhas correntes teológicas, quase sempre vindas do Norte, passou a ameaçar o projeto de aperfeiçoamento prático-doutrinário da igreja no Brasil, vindo a fragmentá-la em diversos aspectos. Sendo assim, quando, já na década de 90, o inchaço resultante de tantas subdivisões acarretou em uma perca de referencial no meio de nós. A igreja brasileira, àquelas alturas, já estava em parte, mística, fria, vendida, politizada e alienada.


Já sem eira nem beira, o que um dia se foi chamado de Protestante veio a passar por várias fases quanto ao estereotipo: de “Crente”, “Evangélico”, chegando até o moderno termo “Gospel”. O que isso refletiu, a grosso modo? Em um vexame da igreja evangélica! O sinal de que além de abrangermos o aspecto religioso, também podemos ser da merchandish!


Atualmente as denominações vistas como tradicionais sofrem com tamanha pressão de movimentos neopentecostais, o mercado religioso lucra milhões com produtos e imagens de ícones do movimento Gospel, a mídia em geral reconhece que os evangélicos são “a bola da vez” e abrem espaço para suas representações. Enquanto isso, se na igreja do Malafaia tem pastor ganhando até 20,000 Mil Reais, nossos campos missionários vivem a escassez de recursos; se nos grandes templos há tanto “pede-pede” em nome de uma prosperidade “besteirol” ou não, os minoritários cristãos que pregam apenas o evangelho envolto pela Graça de Deus insistem em não se guiarem por quantidades, mas pela Verdade. E assim vamos prosseguindo, vivendo esse Evangelho inversamente proporcional ao que se mostra por aí...nos Show's mundiais, universais, na Globo ou na  Gabí.


***


Antognoni Misael, editor do Arte de Chocar.

3 comentários:

  1. Isso é um texto de verdade! Valeu Antognoni!

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  2. "Não era essa a representação de igreja que eu, e muitos cristãos, almejávamos para o Brasil. Aliás, quem de nós precisa ser representado, senão por Cristo!"

    Mas nós não somos representantes de Cristo?! “De sorte que somos embaixadores por Cristo, como se Deus por nós vos exortasse. 2 Coríntios 5:20

    Cristo não habita em nós?! "Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim". Gálatas 2:20

    Então fomos representados por Cristo por intermédio do Silas.

    E quando vc diz que na igreja do Malafaia tem pastor ganhando até R$20.000 e os nossos campos missionários vivem a escassez de recursos, qual é a relação que vc quer fazer? Pois no campo missionário da igreja do Malafaia não tem escassez de recursos.

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  3. Não sou uma "devota" do Silas, mas como vcs gostam de pegar no pé do homem!! Deixa ele!! Uai!

    Se ele paga bem para os pastores, que bom!!
    O que tem de errado nisso?!!
    Esta certo ele investir aqui, nos pastores aqui!!
    Nada contra missões, mas sinceramente, se vc não consegue ganhar almas na sua "própria casa", vai querer ganhar longe dela...

    Não acho ele um santo representante e bla bla bla, mas tb não é o pior de todos...

    Sei lá, acho mta pegação com pouca propriedade!
    =(

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