quarta-feira, 9 de julho de 2014

Música e religião na era do pop

livro joezerO gospel é um dos fenômenos culturais mais significativos do início do século XXI. Além de constituir-se em guarda-chuva, que abriga quase todo estilo musical utilizado pelos evangélicos brasileiros, o gospel também representa novas atitudes e posturas evangélicas.


Mais do que música, o gospel passou a ser um modo de produção. O cantor gospel, que alguns chamam de levita ou adorador, tem se tornado não apenas o intérprete musical da mensagem cristã, mas também passou a ser considerado um multiplicador econômico de objetos, acessórios, roupas e eventos.


Em nossa época de entretenimento em escala industrial, a fé é um show e a religião-espetáculo não abdica da música. Nos tempos do triunfo do pop, a música gospel no Brasil demonstra uma forte interação com o mercado da música popular.


Se a mentalidade religiosa ocidental mudou e a fé ajuda a alavancar o consumo, como isso repercute na prática musical dos cristãos? Essa relação entre o gospel e o pop se dá somente no campo da letra e do estilo da canção ou também está nas estratégias de marketing e na performance dos cantores gospel? Afinal, o gospel é pop?


Foi com essas observações e perguntas na cabeça que escrevi o livro "Música e Religião na Era do Pop" (Ed. Appris). No primeiro capítulo - “Cultura pós-moderna e religião”, demonstro como as características da pós-modernidade podem explicar as novas demandas de consumo e as expectativas religiosas dos evangélicos.


No capítulo seguinte, “Os novos evangélicos: modos, mídias e músicas”, focalizo as atividades de mercado e o crescimento midiático das denominações neopentecostais (Igreja Universal, Internacional da Graça de Deus, Renascer, Sara Nossa Terra, Bola de Neve, entre outras).


No capítulo “O gospel é pop?” recupero a trajetória do gospel desde seu surgimento nos Estados Unidos até seu estágio moderno de interação entre a unção religiosa e a bênção do pop.


Em “O evangelho segundo o gospel” faço uma análise da carreira da cantora e pastora Aline Barros, estudando detalhadamente suas canções, sua performance cênica e vocal e também a publicidade comercial das empresas que usam sua trilha sonora de louvor, milagres e curas.


No capítulo “Música para diversão e salvação” abordo estilos musicais que já foram marginalizados, inclusive pela mídia secular, e recentemente foram adotados em produções musicais do gospel no Brasil, como o axé, o funk e o hip hop.


No último capítulo, “O futuro da música gospel”, falo também sobre o futuro do gospel no Brasil e menciono a existência do coro dos contrários, que não participa do cordão da euforia econômico-musical do gospel e tem restrições quanto à combinação de comércio e teologia no mundo da música cristã.


Com esse livro, desejo contribuir para a pesquisa sobre a temática da música cristã praticada no Brasil. Gostaria que os leitores notassem os mecanismos de mercantilização da religião e da música religiosa e também compreendessem o caráter historicamente dinâmico e flexível da música no Cristianismo.


Serviço: o livro “Música e religião na era do pop” pode ser adquirido pelos sites da Editora Appris ou das livrarias Saraiva e Cultura.


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Joêzer Mendonça é doutor em Musicologia e professor de História da Música na PUCPR. No blog Nota na Pauta escreve sobre arte, mídia e religião.


Fonte: Cristianismo Criativo.

Um comentário:

  1. Sobre o tema, recomendo: http://achandograca.com.br/38-pensamento-cristao-na-cultura-pop

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