sábado, 30 de agosto de 2014

A ascensão de Marina Silva, o programa do PSB, e os evangélicos

Após a morte de Eduardo Campos e a oficialização da candidatura de Marina Silva sua campanha subiu rapidamente num curto espaço de tempo como uma espécie de foguete. Ora, quem imaginaria a possibilidade da Marina vencer o 1º turno com o tempo de propaganda política pífio em relação a candidata Dilma Roussef?

Esta semana, após algumas pesquisas declararem empate técnico entre as duas candidatas e a vitória de Marina no 2º turno as redes sociais, sites e blogs passaram a veicular supostas contradições na postura de Marina Silva, principalmente após a divulgação do Programa de governo do PSB em que esta apoiaria a aprovação do projeto do casamento civil gay , posteriormente alterado, conforme matéria do O Globo. A consequência disso tudo foram uma chuva de gente deferindo fortes críticas a Marina em virtude da então contradição entre sua política e sua fé.

(Adianto imediatamente que este post não tem fundo partidário, mas abre oportunidades para o debate e a apreciação do posicionamento de muitos leitores, inclusive cristãos)

As opiniões sobre Marina se dividiram na internet. Abaixo, veja um vídeo em que Silas Malafaia explica o porquê de não votar em Marina (o vídeo é da campanha de 2010 mas voltou a ser bastante compartilhado, a saber que o Pr. Silas não vota na Marina e continua a criticar sua política):


Em contraponto, o Pr. Caio Fábio, recentemente, em seu programa diuturno deferiu apoio a candidata do PSB, dizendo que o grande eleitorado da Marina é fora do segmento evangélico e que os "publicanos, pecadores, visionários...", estes sim faziam parte do seu eleitorado:

Nas redes sociais, o Pr. Euder Faber, organizador da VINACC expressou sua indignação quanto a polêmica e citou Malafia o qual foi matéria no Gospel Prime (Plano de governo de Marina é pior que o do PT, diz Silas Malafaia), veja:

"Bem, discordo de Malafaia em muitas questões, mas nessa vou concordar:

'O Programa de governo de Marina pensa que o povo de Deus é idiota.Corrigiu palavras mas a essência é a mesma,pior,cheio de subjetividades", postou na rede social, acrescentando que o programa faz "defesa vergonhosa da agenda gay" e "com dados mentirosos sobre assassinatos" de homossexuais." Silas Malafaia"

A blogueira do tablóide Mulheres Sábias, Rô Moreira, expressou-se na defensiva ao lado de Marina, e escreveu em um dos comentário seus:

"Estão querendo jogar com ela, dizem que ela diz uma coisa e depois outra. Querem colocar os crentes contra ela, e o secular tbm. Sendo que Marina nunca precisou dos crentes pra se eleger em nada. Ela tem que seguir o caminho dela, firme e pra vitoria. O PT ta desesperado, eles vão jogar pesado agora".

Abaixo, veja um vídeo em que Marina elucida sobre sua visão de Estado Laico:
Diante do breve exposto, confesso que em termos partidários, nunca vi eleição  tão complicada para um cristão exercer o seu voto.

Temos como opção mais próxima da vitória nesta eleição a tríade PT, PSB e PSDB, e como diria um amigo meu: "votar para presidente em 2014 é escolher de onde vem o menor fedor". Poxa, que reflexão indigesta não é?

Ainda sobre a escolha dos presidenciáveis, o vlogueiro Yago Martins disse que não vota na Marina, nem no Pr. Everaldo, veja:

"Lendo o plano de governo da Marina, eu não vejo diferença entre ela e Dilma. É tudo absolutamente o mesmo que o plano do PT, partido que Marina foi fundadora. Só o que difere mesmo é a maior ênfase no ambientalismo, erro que o PT não cometia com tanto vigor. Trocar Dilma por Marina tem um ponto positivo, que é mostrar ao PT que eles não são donos do país. Mas é a única vantagem mesmo. Como diria minha santa mãezinha: troco um pelo outro e não quero volta.

Se o Everaldo entendesse do que defende, eu votaria nele, mas este ano vou ter que ir de Aécio. Pelo menos o partido dele não é do Foro se São Paulo, como o partido da Marina."

É bom lembrarmos que depois da resolução do TSE, realmente não votamos mais em pessoas, mas em partidos, e portanto, aí está o ponto crítico das escolhas que iremos fazer. Quais dos três partidos (PT, PSB e PSDB) tem um programa de governo que menos confronte com a nossa fé cristã? Outra coisa, até que ponto as exposições do programa do PSB foram fielmente as exposições do pensamento político de Marina Silva? Para elucidar bem esta questão clique na matéria "Marina diz que não mudou de opinião sobre defesa dos direitos dos homossexuais", de O Globo e entenda o caso.

Para finalizar, diante de tantos reclames e críticas a respeito destas últimas tensões envolvendo Marina Silva, o PSB, o PT e os evangélicos, em sua grande maioria em tom de desabafo e decepção,  republico abaixo um texto bastante pertinente do prof. de Direito da Universidade Federal de Sergipe, Uziel Santana, o qual pode servir como um bom referencial para as discussões tanto nas redes sociais quanto fora dela:

PLANO DE GOVERNO, ELEIÇÕES, MARINA, PSB, PT E PSDB: alguns poucos elementos para a discussão.

"Quando a discussão eleitoral começa a envolver o Programa partidário e a Plataforma de Governo do Partido ou Coligação, creio que há um avanço. É isso mesmo que a ANAJURE tem demonstrado como necessidade, especialmente, no pouco informado e muito alienado segmento evangélico.

Pois bem. Quem conhece o PSB e mais ainda os redatores do Plano de Governo do PSB, principalmente o colega Prof. da UFPE, ex-PT, Maurício Rands, sabe que o que estava na primeira versão é o pensamento politicamente correto da esquerda e particularmente dele e seus correligionários. O PSB, como partido da esquerda, nada mais fez do que apresentar o que historicamente sempre foi assim. O pensamento pessoal de Marina Silva, ao contrário, nunca foi esse e pode ser sintetizado na entrevista que ela deu hoje no Rio de Janeiro: "Independente de qualquer coisa o nosso compromisso é com o estado laico, com o respeito às liberdades individuais e religiosas. O estado laico é para defender os interesses de todos, daquele que crê e o que não crê, independente de cor, orientação sexual ou religião" (http://oglobo.globo.com/brasil/marina-diz-que-nao-mudou-de-opiniao-sobre-defesa-dos-direitos-dos-homossexuais-13782863?utm_source=Facebook&utm_medium=Social&utm_campaign=O%20Globo).

A grande questão é saber como este enfrentamento se dará num eventual governo Marina, já que sua posição pessoal é contra criminalização da homofobia, casamento gay e adoção por homossexuais. Sobre isso, aproveito para convidar os meus amigos de SP para estarem dia 15 de setembro na Mackenzie, onde apresentaremos o que juridicamente é pacífico com relação a este choque de forças e opiniões.

Por outro lado, não se tem falado do PSDB e suas políticas programáticas pró-LGBT. O PT, já sabemos, é entusiasta e "promoter" da causa LGBT. Pensando nisso, acrescento aqui alguns elementos para a discussão, especialmente, dos que se arvoram em temas que pouco conhecem e estudam, dia-a-dia. O eleitor brasileiro é cada vez mais como torcedor em época de Copa do Mundo. É preciso estudar e acompanhar os temários nacionais e locais da polítca brasileira para não ser engabelado pelo "analistas" de última hora, normalmente, injustos e autoritários nas suas posições.

Vamos lá, sobre o PSDB:

Notícia da semana passada do histórico, institucionalizado e bem articulado Movimento Diversidade Tucana (presente em vários estados do Brasil no âmbito do PSDB - mais fortemente no PSBD-SP). A notícia se refere àquele menino do Kit macho, que se diz evangélico e nosso candidato a Deputado Federal pelo PSDB-DF. O PSDB suspendeu a veiculação de sua propaganda eleitoral - e claro não poderia ser diferente! (passou os limites da loucura social). Mas o mais importante é a fala do Tucano, presidente da Diversidade Tucana - PSDB-SP sobre o que é a realidade do programa do PSDB sobre LGBT:

"Ele disse em uma entrevista que se filiou ao PSDB em 2011, e que o partido nunca teve histórico relacionado à cidadania LGBT. Fica claro que ele não sabe nada sobre o partido a que se filiou. Em 2011, o PSDB já havia protagonizado avanços pioneiros para LGBT na Presidência da República, na Prefeitura de São Paulo, nos Governos dos estados de São Paulo, Pará, entre outros. Ele decidiu ser candidato meses depois de o PSDB incorporar ao seu Estatuto o respeito às diferentes orientações sexuais e identidades de gênero como uma de suas diretrizes. Então fica claro que o PSDB não é o partido que ele pensa, deveria ter pesquisado melhor antes de escolher o partido a se filiar" (In: http://www.diversidadetucana.com.br/)

É preciso dizer mais alguma coisa?

Quer saber mais sobre o histórico do PSDB nesta área.Sabe qual o primeiro estado da federação que aprovou um PL nos moldes do PL 122, muito mais draconiano inclusive? São Paulo. Veja na ÍNTEGRA a LEI promulgada em 2001, por Geraldo Alckmin: http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/2001/lei-10948-05.11.2001.html Vamos agora ao tema da Participação Social objeto do Decreto do PT.


Veja os Estados, Governadores e Partidos que firmaram compromisso com o Governo Federal para implementar, nos moldes do Decreto Petista, a Participação Social:

• Alagoas – PSDB;

• Bahia – PT;

• Ceará – PROS;

• Distrito Federal – PT;

• Goiás – PSDB;

• Mato Grosso do Sul – PMDB;

• Pará – PSDB;

• Paraíba – PSB;

• Rio de Janeiro – PMDB;

• Rio Grande do Sul – PT;

• Santa Catarina – PSD.

Teria muito mais a dizer, mas acho que já é um bom começo para a discussão no facebook!

Espero que, se eleita, Marina tenha força de mudar muita coisa. Mas temo que ela fique refém da falta de governabilidade."

Bem, diante desta matéria, se eu e muitos que conheço imaginaram que o PSDB é o partido com um programa ameno quando se põe em cheque a cosmovisão de nossa fé, na verdade o que ocorre é um engano de nossa parte. Ao que parece, o PSDB, na verdade, não está nem aí, em geral. São como um tipo de pilatos - dançam de acordo com o batuque do povo e caso cheguem ao poder podem naturalmente por em prática o seu programa que também contém políticas idênticas ao PT e PSB no que se refere a LGBT, casamento Gay e diversidade sexual. E quando se fala de PL 122, basta observarmos o que ocorreu em São Paulo - um PL 122 versão mais "hard", ou seja, o PSDB não só apoiou, mas deu início a isso.

Portanto, em termo de voto, estamos entre a cruz, a espada e o Pr. Everaldo. Que o Senhor nos dê sabedoria para que façamos a escolha menos nociva a nossa presidência, mas sempre lembrando que o Senhor é quem rege e governa sobre tudo e todos, e portanto Ele mesmo há de constituir uma autoridade para nossa nação segundo a sua perfeita vontade.

E quanto a você leitor,qual sua opinião diante desta "babel"  dos presidenciáveis? Em quem votar?

***

Arte de Chocar

2 comentários:

  1. "É bom lembrarmos que depois da resolução do TSE, realmente não votamos mais em pessoas, mas em partidos, e portanto, aí está o ponto crítico das escolhas que iremos fazer".
    Nesse ponto há um "furo", pois Marina só está no PSB porque não pôde fundar o seu partido, assim que puder regularizar a Rede ela cai fora, que seria o partido "a cara" dela, então, em ultima análise estaríamos votando sim na pessoa de Marina, principalmente se ela conseguir logo seu partido.
    A respeito da governabilidade, só dá para gerenciar o que for controlável, se ela não tiver o "controle" sobre outros partidos então a governabilidade estará prejudicada, o que de certa forma faz com que qualquer um que assuma, venda um pouco dos seus princípios devido ao grande número de partidos que fazem as bancadas do Senado e da Câmara.

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  2. O plano de aprovação do casamento gay era parte da campanha do finado Campos, no qual a Marina em nada poderia fazer. Já que como bom subordinado, devemos seguir ordens. Claro, ela não seria a favor, mas não tinha como impor sua vontade, por não encabeçar a chapa!

    Hoje, diferente o quadro presidenciável no PSB, ela como futura líder, ela já expôs o seu repúdio ao casamento (união consolidada em cartório) homossexual. Desta maneira, não vejo o pq de tanto falatório. Ao falar sobre o Aécio, e sobre a resolução, devemos nos lembrar que Tucano não tem 4 patas, pois é um Tucano e não deixará de ser. O governo FHC nos trouxe tantos problemas quanto os do PT. tais como inflação, endividamento, analfabetismo, violência e outros. É complicado, mas prefiro colocar alguém que ame a Deus para me representar, se acaso houver algum desvio de conduta, haverá um juiz com braços fortes a quem irá julgar...

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