segunda-feira, 2 de abril de 2012

Guerra litúrgica e fragmentação na adoração



A pós-modernidade legou as sociedades o caráter da descentralização, relativização da verdade, e a fragmentação segmentária de grupos e ideias. Nos dias de hoje, é normal ser, por exemplo, paraibano mas, culturalmente jamaicano. O não-lugar, o conflito de pensamentos, os gostos, afetos, e influências, fazem com que em um espaço comum haja a celebração móvel da diferença entre crenças, culturas e classes sociais. 




Respeitável público, falando-se de Brasil, no mundo chamado Cristão, as fragmentações ocorrem a nível global e afetam incisivamente a igreja evangélica na terra de Vera Cruz. A confusão teológica reina entre as “noivas” de Cristo, e mais que isso, ela mescla-se com heresias, esquisitices e tradição. 



Observando esta colossal fragmentação - e não confundam, não tem nada a ver com a graça multiforme de Deus – trago uma situação conflitante, possível de ocorrer frequentemente na maioria das igrejas brasileiras, inclusive nas históricas-tradicionais.



Imaginemos uma igreja de linha reformada, cuja teologia preza pela centralidade do culto, pela doutrina da graça e eleição cuja Palavra é tratada como única fonte de revelação divina. Porém, por não ter controle sobre a “Tsunami Gospel” do modismo é afetada numa das áreas de mais destaque no culto: a música. 



O pastor ora, conduz a igreja a um momento de confissão de pecados, em seguida ler Efésios 2, e convoca a igreja a adorar em Espírito e em Verdade a Deus através de cânticos espirituais, dando oportunidade ao Grupo de louvor. Então, logo começa a guerra e o teatro. Guerra, porque talvez ele nem imagine que em poucos minutos o culto tornar-se-á um “batalha espiritual”; teatro, porque a poeira do palco certamente irá subir.



- Boa noite igreja! Diz o irmãozinho que se considera letiva.



- Quem tem Jesus dê um brado de vitória! 



- Pisa! Pisa na cabeça do inimigo, Igreja! Jesus quer ver você louvando, por isso “Pule, pule, pule na presença do Rei”! 



... o trem desce de ladeira abaixo. E quando a poeira baixa, começa a “Sessão Mantra”.



Canções tipo: “Jesus pode mudar a sua história de novo”, “Mestre eu preciso de um milagre”, “Hoje o meu milagre vai chegar”, “Eu quero de volta o que é meu”, terminam por declarar que a guerra na verdade é do homem contra Deus, na ânsia de tomar centralidade.



Após tal momento antropocêntrico, imagino o querido pastor voltando ao púlpito – ou feroz, ou desiludido – e pensando consigo: “mais um culto fragmentado, que Deus tenha misericórdia”!



Sinceramente, não sei como alguns pastores têm agido diante disso. Não sei se a desculpa pousa numa suposta escassez de repertório, coisa que não é. Enfim, acredito que a solução pra essa turma que mistifica o culto é muita overdose de Bíblia, conhecimento teológico, equilíbrio entre fórmula e conteúdo, e acima de tudo, temor a Deus. Caso contrário, a identidade e coesão das igrejas locais se diluirão, o teatro continuará e a fragmentação fará da igreja um mosaico distorcido entre a Verdade de Deus e os vexames dos humanos.

5 comentários:

  1. Fácil de se resolver... Acaba com toda essa palhaçada de igreja.

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  2. Graça e paz Antognoni.

    Você considera que cantar músicas deste tipo que citou acima é algum pecado ?
    Concordo que atualmente as canções poe o homem na centralidade, e particularmente luto contra isto em minha igreja. No entanto você não acha que algumas músicas com estas são orações ? As pessoas as vezes escrevem aquilo que estão sentindo, devido passar para algum tipo de necessidade. Não entendendo ser errado.

    Sem sobra de dúvidas, vejo que atualmente algumas canções parecem ter mais um objetivo comercial do que realmente abençoador.

    Particularmente prefiro cantar "Ao único que é digno de receber" rsrs Abraços e fique com Deus.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. A paz Rodriguinho,

    SObre Pecado? No texto quis abordar a questão da fragmentação e distorção teológica.

    Quando vc menciona sobre as pessoas que escrevem aquilo que estão sentindo, entendo, mas o que se sente não deve ser sobreposto a

    Palavra. A Palavra é prioridade, o sentimento (coração) é enganoso.
    Quando você cita “Ao único” mostra que a centralidade é Cristo, o que ocorre é que a maioria das canções atuais apelam mais para o antropocentrismo, e com muitos equívocos teológicos.

    No mais, a paz!

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