quarta-feira, 4 de abril de 2012

As velhas paisagens sensuais e o breve desuso da tarja preta




Lembro-me de algumas paisagens sensuais que configuravam minha mente quando ainda adolescente. Eram os anos 90, e não havia o acesso popular da internet, o  festival de orgias do BBB, os DVD’s pornôs nas calçadas dos camelôs, e principalmente a total banalização do corpo na mídia em geral.

Lembro-me que cenas chocantes, provocativas, não passavam de rápidos beijos na boca (raramente de língua) vistos em filmes de épocas ou em novelas variadas. Playboy? Via-se, de longe nas prateleiras de bancas de revistas. Nudez? Exceção! Não há dúvidas que eram menos escrachados os momentos apologia explícita ao corpo e prazer sexual a vinte anos atrás.

Lembro-me também da famosa e épica revista “Hermes”, onde as páginas de langeries e “caçolas” eram censuradas ao olhar da criança e até do adolescente por parte de alguns pais- recordo-me que nas escolas, uma revistinha dessas fazia o maior sucesso entre a molecada.

Confesso que as paisagens sexuais de minha adolescência eram de certa forma, limitadíssimas, e envolviam toda uma trama para se alcançar o objetivo final, a nudez. Embora o desejo carnal fosse (e ainda é) algo próprio da natureza caída do homem, o que ocorria era que para se alimentar um pecado visual, custava muito mais tempo e ocasiões, que eram por sinal, superesporádicas.

Atualmente vivemos numa época hedonista de total banalização do corpo. Os comerciais de cerveja, os outdoors, os sites esportivos, dentre tantos exemplos demonstram a simbólica violência da nudez para com a sociedade em geral. Nada mais é novidade. Bundas, seios, pernas, e áreas mais íntimas, a cada dia que passa estão gradativamente perdendo a censura da tarja preta.

Vivemos uma época onde a iniquidade se instala agressivamente no pensamento e pudor das pessoas. Isto é sério! Pois quanto mais crescem a quantidade de imagens, vídeos e símbolos sexuais, mais nos sentimos sufocados e ao mesmo tempo anestesiados de tanta banalização.

A Bíblia não deixa dúvidas sobre questões como adultério, lascívia, prostituição, portanto, nos dias de hoje pecados como estes estão cada vez mais potencializados pela depravação visual. A coisa fugiu do controle e infelizmente vejo poucos reclamando disto – é como se no fundo no fundo, os liberais e até moralistas curtissem uma olhadinha ou uma masturbação casual proviniente dessas teleguiadas imagens de prazer. A necessidade estúpida de em tudo e em todos os lugares haver a presença de sexo comprovam a superficialidade desta geração hedonista e individualista.

As consequências são trágicas: o corpo passa a valer mais que o caráter; o desejo passa a idealizar o fim independente do meio; jovens passam a se auto digladiarem em busca de um corpo semelhante ao da moça ou rapaz sarado(a) da novela; a sede pelo prazer passa a ser descontrolada interferindo até em decisões das mais complexas as mais banais. Enfim, conceitos como namoro, casamento, família, ficam escanteados diante da roda viva do prazer.

Gente, estamos chegando a um nível absurdo de iniquidade. Hoje notamos que toda depravação do corpo tende a ser normalizada, e toda satisfação de prazer sexual tende a ser inconsequente e natural como o simples ato de respirar. Aonde chegaremos? No desuso da tarja preta?

***
Antognoni Misael, não tão novo, nem tão velho, contudo, observando a superficialidade das representações de corpo e a superficialidades dos humanos.

3 comentários:

  1. Concordo plenamente com você, Misael. Muito bom o seu texto... como sempre. Deus continue te abençoando! Um abraço.

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  2. Pois é. O que eu acho engraçado é que as mesmas mulheres (sim! a maioria da nudez exposta sem censura é a feminina) que matam e morrem pela igualdade dos sexos, paradoxalmente, aparecem mostrando o que deveriam privilegiar aos seus maridos, se tornando cada vez mais 'coisas',meros objetos de desejos. Em outras palavras, desvirtuam a igualdade que pregam, tendo em vista que elas mesmas se colocam na posição de 'coisas' e não sujeitos!

    Parabéns pelo texto! Que Deus lhe abençoe!

    Danilly Melo

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  3. Muito bom esse texto. Deus te abençoe.

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