Por Jofre Garcia
Pensar amedronta!
Isso mesmo!
Um dos exercícios mais amedrontador que podemos experimentar em nossa experiência existencial, é a capacidade de pensar. Não apenas pensar um hábito quase instintivo, incapaz de romper qualquer fronteira do meu “eu”, de minha micro dimensão de existência, com todas as cargas de influencias externas e os mecanismo dos seus dogmas. Pensar como um ato libertário capaz de fazer estremecer a alma e sentir-se livre para questionar os meus mais profundos paradigmas.
Pensar causa revoluções, primeiramente uma revolução interior, um redescobrir de si, um reinterpretar, um ressurgir do que se é, do que se quer, do que se vem a ser.
Nem todos conseguem galgar degraus tão conflitantes, embora todos tenham em si a capacidade de descortinar-se e seguir novos passos em novos rumos, passos e rumos que sempre estiveram ali, mas nossos olhos embasados pelo lugar-comum não conseguiam enxergar. É que estávamos acomodados com uma verdade que nos disseram, com uma verdade que inventaram, com uma verdade que alienava.
No entanto, bem que tudo isso pode ser sombras, escuras, gélidas, sufocantes. Mas a chama da verdade sempre estará no além das sombras nos convidando a descobrir o sol e suas cores, e sabores, e aromas que nas sombras eram apenas uma idéia inexata.
Em nossa história humana existiram alguns homens que foram capazes de romper com os limites estabelecidos por uma sociedade mergulhada na ignorância mitológica e suscetível a manipulações governamentais. Um desses homens foi Sócrates, que perturbava seus contemporâneos argüindo-os com perguntas aparentemente patéticas, mas que provocavam uma inquietação existencial em seus inquiridos, e isso mexeu com sua geração, e ele foi considerado um perigo, principalmente pelo modo como influenciava a juventude.
Caramba! Era demais!
Além de pensar o cara ainda fazia outros pensarem também, e isso é um perigo.
Quando Sócrates criou o mito da caverna (quem o transcreveu literariamente foi Platão), ele deu vida a uma metáfora transcendente que percorreria os séculos seguintes como um retrato da vida humana condicionada a uma verdade imposta. É, também, uma analogia quanto a nossa infância existencial, quando vivemos em nossa pequena ilha desconhecendo o continente a nossa frente.
Hoje, muitos vivem em suas próprias cavernas, muitos insistem em permanecer em suas sombras, muitos teimam em suas próprias “verdades” e chegam a achar confortáveis as correntes paradigmáticas que o prendem, por que ir de encontro a chama fora da caverna requer esforço e determinação.
Séculos depois surgiu alguém propondo um desafio: “…e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Essa verdade não pode ser a “verdade” de cada um, porque todos nós estamos condicionados a compreensão da fenomenologia deste mundo-caverna que conhecemos. E, esse alguém veio do além-caverna, onde a chama imarcescível da verdade resplandece dando real sentido ao existir humano.
Seguindo o oposto do Mito da Caverna onde um acorrentado subiu o monte e veio anunciar, Ele era livre, entrou na caverna para libertar.
É inegável algumas similaridades entre a Boa Nova de Jesus e a filosofia de Sócrates e Platão.
Seria Cristo Pós-Socrático, Pós-Platônico?
Não tenho a ousadia de criar novos conceitos teológicos-filosóficos, sei, apenas, que em Cristo as buscas de Sócrates e Platão pela verdade se encerram.
Teriam Sócrates e Platão, dito ou predito a verdade?
Se disseram ou pré-disseram é porque a receberam de quem a tinha. Não entremos em pânico, cristãos, pois toda verdade vem de Deus e Ele a concede a quem quer.
Então, saia da caverna…
Em Cristo. A Verdade.
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Jofre Garcia faz coluna aqui no Arte de Chocar e edita o Auxílio do Alto.
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