Por Mateus Feliciano
Sempre ouvimos nossos pais, avós e pessoas mais velhas nos contarem sobre suas saudosas épocas de jovens e como antigamente a geração era diferente. Ouvimos que a violência era menor, os crimes menos bárbaros e ficamos com a impressão que os tempos já foram melhores.
Creio que em certos aspectos realmente outras gerações tiveram pessoas com outros tipos de pensamentos e atitudes que foram mais solidárias umas com as outras. Mas também concordo que na época em que vivemos temos muitos traços de melhoria em algumas coisas produzidas pelos seres humanos, por exemplo, a tecnologia que nos ajuda em muitas coisas.
Mas nesta geração pós-moderna tenho percebido algo que tem me incomodado muito e que me faz refletir sobre a nossa sociedade e a minha vida: o individualismo. Marca tão presente, mas ignorada por esta geração do século XXI.
Assistindo a um reality show na TV, vi um programa onde dois participantes, um homem e uma mulher, cumpriam tarefas designadas por um mediador que juntos deviam se ajudar para alcançar os objetivos traçados. Durante todo o jogo os dois se ajudavam e dependiam um do outro para realizar as tarefas propostas. Mas na última prova eles teriam que realizá-la sozinhos, ou seja, separadamente, no melhor estilo “cada um por si”. Quem realizasse a prova primeiro teria direito de ficar com todo o prêmio e se quisesse poderia dar metade para o parceiro. O rapaz realizou a prova primeiro que a menina e teve a oportunidade de decidir se ficaria com todo o dinheiro ou dividiria com ela. Depois de pensar e conversar com a moça, ele decidiu ficar com todo o dinheiro mesmo tendo a ajuda da outra moça durante quase todo o período da prova.
Este fato real nos dá uma “pitada” do que é esta geração individualista. Onde cada um deve cuidar da sua vida e não se meter na vida dos outros e trouxe consigo um egoísmo desenfreado, onde apenas importa o que você pensa e quer, sem levar em consideração o outro.
Isto influencia em todo nosso cotidiano e nas nossas relações, pois iremos conviver com as pessoas com este sentimento egoísta e não conseguimos amar, respeitar e cuidar uns dos outros.
Concordo que “se meter” na vida alheia com a intenção errada é tão prejudicial quanto o egoísmo. Mas não se envolver com as pessoas por preferir atender somente as necessidades próprias ou por medo de estar “invadindo” o espaço do outro, tem feito uma geração que se isola e não tem verdadeiros e satisfatórios relacionamentos como casamentos, amizades, família e etc.
Mas o que mais me preocupa é que muitos de nós não percebemos isto e quando se fala no assunto a resposta geralmente é: “Ema, ema, cada um com o seu problema”
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Mateus Feliciano é Graduado em Administração, Bacharel em Teologia (Faculdade Teológica Batista de Campinas) e Coordenador da Seara Urbana (recuperação de moradores de rua), e escreve no Blog Pólis Centro.
Divulgação: Púlpito Cristão.
Eis um fato incontestável! Autores que tratam da pós-modernidade atestam que uma das poucos características que persiste da modernidade para a pós-modernidade é o "eu", ou seja, a nossa de sujeito, porém nesta nova era — a pós-moderna — há uma exacerbação do eu, um agigantamento muito influenciado pelo precursor e cabeça do pensamento pós-moderno, que é o Nietzsche!
ResponderExcluirRecomendo a quem deseja ampliar o panorama a leitura de:
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Editora Zahar.
CARSON, D. A. Igreja Emergente. Vida Nova.
GRENZ, Stanley. Pós-modernidade. Vida Nova.
No mais, ótimo artigo! Mais uma vez o blog se supera!