segunda-feira, 17 de março de 2014

Qualidade musical nas igrejas: vamos conversar?

Boa parte das pessoas ligadas ao universo da música cristã brasileira conhece ou já ouviu o Baixo e Voz. Sérgio Pereira e Marivone Lobo formam uma dupla de músicos pra lá de afinada, com a voz suave da Mari e o exigente baixo do Sérgio. Mas agora, o momento da dupla é outro: Sérgio anda inquieto com a falta de qualidade musical em muitas igrejas evangélicas.

“Seria porque boa parte dos pastores não acredita que a música e outras artes como a dança ou teatro influenciam, de fato, na cultura e hábitos dos membros de suas igrejas, utilizando-as apenas como um meio de agregar as famílias da igreja socialmente?

Ou seria por causa dos seminários de teologia que, ao invés de criarem mais cursos sobre música e discussões/seminários sobre arte, cultura, mídia e mercado evangélicos, os etiram definitivamente de suas grades e programações de eventos?

Ou talvez seja culpa dos compositores e músicos acompanhantes que, mesmo conhecendo e apreciando música de qualidade, produzem apenas com vistas ao mercado, sendo seu único critério o que “vende mais”?

Ou ainda seria culpa do governo brasileiro - seja ele de direita ou de esquerda - que continua não investindo o suficiente em educação? Talvez tudo isso e mais”, diz Pereira.

No entanto, mais do que encontrar respostas imediatas, Sérgio quer colaborar com as equipes de música das igrejas locais. As perguntas que intrigam Sérgio - que também é educador e escritor de materiais didáticos - o desafiaram neste início de 2014. Tanto é que ele está colocando-se à disposição das igrejas e comunidades para dialogar sobre o tema, pelo menos uma vez por mês, oferecendo palestras gratuitas para os interessados. O período de realização vai de março de 2014 a fevereiro de 2015.

Veja a entrevista realizada pelo Portal Cristianismo Criativo:

Portal Cristianismo Criativo - O que fez despertar para esta questão num momento em que você está bastante ocupado com o trabalho?
Sérgio - É verdade. Nos últimos anos tenho estado mais ocupado. No entanto, o que mais tenho visto nas igrejas locais (sejam elas reformadas ou pentecostais), nesses quase 20 anos de viagens com o Baixo e Voz, é uma grande confusão musical e teológica praticada em boa parte das equipes. Amo trabalhar com música e servir à Igreja, por isso, essa preocupação. Alguns dos motivos (aqui falo de forma generalizada, mas claro, que há exceções):

1) A igreja evangélica brasileira adotou o gênero rock no estilo pop inglês, para as músicas dos cultos. Quero deixar claro que não tenho nada contra esse ou outros estilos musicais. Mas me incomoda muito as equipes de música negligenciarem que vivem no país que tem a maior quantidade de estilos musicais do planeta (afinal adotam apenas um estilo);

2) Os músicos perderam referenciais como Vencedores por Cristo, Logos, Jorge Camargo, Guilherme Kerr, Nelson Bomilcar e tantos outros que deveriam continuar sendo alicerces; onde essas equipes estão apoiadas? Nos programas de rádio, TV e publicações "gospel"?

3) As equipes não procuram conhecer música de excelência, porque muitos pensam que as escolhas de repertório só devem passar pelo "gosto", o que é um grande equívoco;

4) As equipes não se preparam adequadamente para os ensaios e não se dedicam aos estudos musicais, porque "não têm tempo", o que mostra imaturidade e irresponsabilidade para com o serviço à Igreja;

5) Os seminários não têm disciplinas sobre o assunto (não me refiro à hinologia, mas música popular, mercado gospel e afins) - que, diga-se de passagem, considero um absurdo! - e consequentemente os pastores não veem tanta importância no assunto até se depararem com tantos problemas de ordem relacional na equipe, liderança de músicos profissionais, choques entre letras das canções e as doutrinas da denominação etc. Enfim, são esses e vários outros porquês.

Portal CC - Quais igrejas ou ministérios o chamaram para participar?
Sérgio - Nesse caso das palestras gratuitas, tive convites de denominações pentecostais (como O Brasil para Cristo) e reformadas (como a Presbiteriana). Estou aberto a convites de qualquer denominação evangélica. Sou membro da Igreja Presbiteriana do Brasil. Meu currículo Lattes tem meus dados profissionais e no nosso site (www.baixoevoz.com.br) será lançado na primeira semana de fevereiro), há um breve histórico da minha carreira na música.

Portal CC - Quem deve e pode participar nas comunidades locais?
Sérgio - Quem participa das equipes de música relacionadas ao louvor tem que estar presente. Apesar de não ser o foco da palestra a música coral, os cantores e regentes são bem-vindos, assim como a liderança da igreja local.

Meu único pedido, que na verdade é uma exigência, é que 90% da equipe esteja presente. Peço uma lista de nomes de todos da equipe antecipadamente e farei chamada antes do início da palestra; isso mesmo, "chamada", pois estarei encarando o evento como educação musical e espero que todos entendam da mesma maneira. Do contrário, não vejo como colaborar com uma equipe cujos membros pensam que não precisam se desenvolver musicalmente.

Portal CC - Como fazer?
Sérgio - Entrar em contato pelo e-mail sergioemarivone@hotmail.com, enviando uma data possível (por favor, consulte nossa agenda antes, clicando aqui e lembrando que as despesas (carro/ avião, traslados, alimentação e hospedagem) serão pagas pela igreja anfitriã. Se os valores das despesas estiverem impraticáveis (moro em São Paulo, capital), ofereço uma videoconferência (skype, ou algum outro meio que não gere despesas).

É importante lembrar que, para outros pedidos como conferências, congressos, acampamentos, feiras e outros eventos - não é possível atender gratuitamente, uma vez que isto demanda deslocamento de minha esposa e filha. Nesses casos, vale nos consultar a respeito. Obrigado!


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Matéria relevantíssima, na minha opinião!! No ano de 2012 tivemos a oportunidade de entrevistar o Sérgio e a Marivone. Acompanhe, ou relembre, aqui a nossa entrevista, abaixo.

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